quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Excesso de agressividade pode ser doença


"A agressividade impulsiva é caracterizada pelo descontrole das emoções e gera manifestações de violência. O grau de agressividade é totalmente desproporcional aos estímulos que a desencadearam"

A agressividade é inerente ao ser humano e representa uma maneira de se proteger contra ameaças externas. Quando ela é excessiva, foge ao controle, torna-se destrutiva; causa problemas nas relações pessoais, profissionais e na qualidade de vida do indivíduo, pode então ser considerada uma doença.

A agressividade impulsiva – presente nas pessoas com Transtorno Explosivo Intermitente - é caracterizada pela instabilidade afetiva (descontrole das emoções) gerando comportamentos de risco, principalmente com manifestações de violência.

O portador do Transtorno Explosivo Intermitente não consegue resistir aos seus impulsos agressivos, o que o leva a cometer graves ataques físicos a outros e destruição de objetos ou propriedades. Seu grau de agressividade é totalmente desproporcional aos estímulos que a desencadearam. Nas pessoas com esse transtorno, os atos de agressividade não são premeditados e elas sentem-se responsáveis por seus comportamentos, demonstrando após os mesmos arrependimento, vergonha, culpa e tristeza.

Os critérios diagnósticos do DSM IV para Transtorno Explosivo Intermitente são:

a. Diversos episódios distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em atos agressivos ou destruição de propriedades.

b. O grau de agressividade expressa durante os episódios está nitidamente fora de proporção com quaisquer estressores psicossociais desencadeantes.

c. Os episódios agressivos não são mais bem explicados por outro transtorno mental (por ex: Transtorno da Personalidade Antissocial, Transtorno da Personalidade Borderline, Episódio Maníaco, Transtorno da Conduta ou Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade); nem se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex: droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex: traumatismo craniano, doença de Alzheimer).


Como são os episódios de agressividade

Os episódios de agressividade voltam a acontecer, pois a pessoa não consegue resistir aos impulsos que a levam a adotar esse comportamento. Esse circuito ocorre do seguinte modo: há um período de tensão que precede o comportamento violento e, após o mesmo, segue-se uma sensação de alívio. Dessa maneira, o comportamento agressivo ocorre para aliviar o desconforto dessa tensão.
O surgimento dos ataques de agressividade são repentinos e podem ter uma duração média de 20 a 30 minutos. Portadores desse transtorno relatam sensações físicas de fadiga, forte tensão, formigamento, tremores, palpitações, aperto no peito, tensão nas costas, forte pressão na cabeça, pensamentos raivosos que os levam a fortes impulsos para agir agressivamente. Descrevem: “necessidade de atacar”, “necessidade de ferir”, “pico de adrenalina”, “sangue nos olhos” ou “vontade de matar alguém” e relatam alívio da tensão após o ato agressivo.

O Transtorno Explosivo Intermitente parece raro. Não existem muitos estudos ou pesquisas sobre ele para fazer essa afirmação com total confiança. Nota-se que o comportamento violento episódico é mais comum entre homens do que em mulheres. Os elevados níveis de testosterona (hormônio masculino) poderiam evidenciar o comportamento impulsivo de agressão nos homens. Nas mulheres as oscilações hormonais que precedem o ciclo menstrual, poderiam igualmente ressaltar a agressividade.

Indivíduos com esse transtorno podem ter inúmeras consequências negativas em sua vida, tais como: perda de emprego, suspensão ou expulsão escolar, divórcio, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, acidentes (por ex. de automóvel), hospitalização (por ex. em função de ferimentos sofridos em lutas ou acidentes) ou detenções legais.

Na causa desse transtorno estão presentes fatores biológicos, psíquicos, sociais e ambientais.

As causas biológicas estão relacionadas a um problema na transmissão da serotonina e alterações nas regiões cerebrais ligadas à emoção, memória e responsáveis pelo planejamento e controle dos impulsos.

Sabe-se que pessoas portadoras do Transtorno Explosivo Intermitente pertencem a famílias instáveis, nas quais há a dependência de álcool e/ou drogas, explosões verbais e abusos físicos e/ou emocionais. Acredita-se que tenham presenciado os pais (ou um deles), irmãos mais velhos ou outros familiares agindo dessa maneira explosiva e violenta.


A razão pela qual se deve buscar tratamento para essa doença, é conseguir auxílio antes que a pessoa tenha se colocado em situações como: suspensão ou expulsão escolar, demissão, prisão ou outros problemas legais, hospitalizações, etc.

Uma vez que a pessoa engaja-se nesses comportamentos, torna-se mais difícil cessar esse “efeito dominó”. Em virtude do estrago que acontece à própria vida dos portadores, bem como às pessoas com as quais convivem, deve-se adotar tratamento médico e psicológico para reduzir a intensidade e frequência desses episódios violentos, devolvendo uma melhor qualidade de vida a esses indivíduos.


Leia esse texto também em Via Estelar.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Oniomania. Diferenças entre a compra saudável e a compulsiva.


Fazer compras, jogar ou até fazer exercícios físicos podem ser considerados por muitos como lazer ou diversão, mas para outros, pode se tornar uma doença.


"A oniomania (do grego: oné – comprar e mania – loucura/insanidade), se caracteriza pelo excesso de preocupação e desejo relacionados com a aquisição
de objetos e pela incapacidade de controlar suas compras e gastos financeiros. É também conhecida por Síndrome do Comprar Compulsivo, mas como já discutido acima, não pode ser chamada de compulsão. Acomete mais mulheres do que homens"

Para alguns essas atividades são estímulos para que percam, inclusive, totalmente o controle. Quando isso ocorre, estamos lidando com um Transtorno do Controle do Impulso, que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde): “A característica essencial é a falha em resistir a um impulso, instinto, ou desejo de realizar um ato que é prejudicial ao indivíduo ou a outras pessoas”.


A ação em si pode não ser prejudicial ou perigosa de início. No entanto, esse transtorno caracteriza-se pela repetição dos atos; assim como ausência de motivação racional clara (motivo lógico); o que leva a pessoa a tornar-se instável afetivamente; ter dificuldades em sustentar sua atenção; em reconhecer e se comportar de acordo com regras sociais; *tolerar o adiamento de uma gratificação e/ou controlar impulsos agressivos. Consequentemente, isso faz com ela sempre ao se engajar em determinada atividade, isso resulte em malefícios para ela ou para os outros.

A pessoa com esse transtorno em geral sente uma crescente tensão ou excitação antes de cometer o ato e um alívio após fazê-lo. Pode ou não acontecer que depois disso haja arrependimento, auto recriminação ou culpa. A descrição das pessoas com esses transtornos indica que seu comportamento está associado a impulsos para agir (ou seja, sem um pensamento antecedente) o que as diferencia de pessoas com compulsão (que necessariamente teriam um pensamento obsessivo, antes de cometer o comportamento compulsivo).

A causa para esses transtornos ainda não é totalmente conhecida. A hipótese é que haja variáveis genéticas, de educação e convivência familiar. Além da maneira pela qual a pessoa aprende a lidar com suas questões pessoais e seus problemas desde a infância.

Existem alguns transtornos que se incluem nessa classificação (de Transtornos do Con
trole do Impulso). Descreverei primeiramente a oniomania e posteriormente, em outros textos, os outros transtornos.

Oniomania

A oniomania (do grego: oné – comprar e mania – loucura/insanidade), se caracteriza por um excesso de preocupações e desejos relacionados com a aquisição de objetos e por um comportamento caracterizado pela incapacidade de controlar suas compras e gastos financeiros. A oniomania acomete mais mulheres do que homens. A razão disso ainda não é muito clara, mas estima-se que fatores genéticos e históricos componham essa explicação.

Encontra-se dentro da classificação de Transtorno do Controle do Impulso, pois há como já explicado uma falha em resistir aos desejos ou impulsos de comprar.

Há relatos de comportamentos de descontrole com compras que datam desde o século XVIII. Sendo assim, não é uma doença unicamente do nosso século, mas obviamente com o advento do cartão de crédito, das compras via catálogos e/ou internet e dos canais televisivos dedicados às vendas aumentou-se a variedade e facilidade, promovendo um aumento nesse quadro.

Compra de uma pessoa não portadora de oniomania:

- Avalia a necessidade de compra;


- Avalia suas possibilidades de comprar, pagar, guardar, etc;

- Faz uma pesquisa de preço e de condições de pagamento;

- Consulta outras pessoas a respeito da compra;

- Busca negociar sempre que possível;

- Decide comprar após ter refletido sobre isso;

- Compra apenas o programado.


Compra de quem sofre de oniomania:

- Preocupações excessivas ou impulsos frequentes que são sentidos como irresistíveis, intrusivos ou sem sentido;

- Perda de controle sobre o ato de comprar;

- Compra de itens que não são necessários;


- Aumento progressivo do volume de compras – compras frequentes;

- Tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras;

- Comprar para lidar com a angústia, tristeza, raiva ou outra emoção negativa;

- Mentiras para encobrir o descontrole com compras;

- Interferência significativa nas áreas social, profissional e familiar;

- Problemas financeiros causados por compras – comprar mais do que pode pagar;

- Consumo de tempo ligado a compras.


* Gratificação no presente: tem dificuldade em esperar por algo mesmo que saibam que o terão em algum tempo.


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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Psicóloga avalia comportamento de garoto armado

Diversas situações podem levar uma criança a entrar armada em uma escola, atirar em uma professora e, sem seguida, se matar, como aconteceu na tarde desta quinta-feira na Escola Municipal de Ensino Alcina Dantas Feijão, em São Caetano. Uma das razões levantadas pela psicóloga Thais Petroff é o bullying, assunto muito abordado pela mídia.

Para ela, o fato de uma criança sofrer provocações de colegas e sentir que a professora não está lhe protegendo pode provocar comportamentos irracionais, assim como no caso de uma bronca mal interpretada, vista como humilhação.

A psicóloga explica ainda que há pessoas que são esquivas e que, diante do problema, começam a evitá-lo. Há outras, no entanto, que lidam de forma mais assertiva, dizendo o que pensam e o que sentem. Há ainda aqueles que tratam de assuntos com agressividade. "Se adoto um comportamento e tenho o problema resolvido, a chance de eu repeti-lo é muito grande, e com criança essa possibilidade é ainda maior, já que elas são impulsivas e não avaliam tanto quanto um adulto as consequências de seus atos", disse.

Segundo Thais, o garoto de São Caetano pode ter acumulado raiva e tensão e ter querido resolver a situação neste dia. "Todas as pessoas que se suicidam vêem neste ato uma forma de resolver o problema, mas o raciocínio não é tão complexo para uma criança. Não há avaliação de prós e contras", esclarece.


Pais podem identificar problemas em casa

Sinais de que algo não anda bem com o filho podem ser percebidos pelos próprios pais já dentro de casa. "Criança normalmente é alegre, agitada, mas se ela anda mais triste, depressiva, pode ficar de olho e ter certeza que algo está errado", afirmou a psicóloga Thais Petroff.

As reações frente à escola podem ser um forte indicativo. "Se começa a chorar muito, a sentir dor de cabeça, dor de barriga quando está em aula, pode ficar atento. Quando uma criança não está bem, há sintomas físicos envolvidos", disse.

Thais também acredita que as brincadeiras representam o estado de espírito dos pequenos. Jogos violentos, personagens sem motivação, que reclamam ou choram muito são outra forma de visualizar que há um problema.

Ela ainda orienta os pais a como lidar com o assunto. "Tem-se que se trabalhar o cotidiano, com perguntas sobre como foi o dia dela, quais são os nomes dos coleguinhas e das pessoas com quem ela teve contato. O problema é que com a correria os pais não têm tempo para esse olhar, para brincar com os filhos e de olhar os recados dos professores nos cadernos."

Além disso, frequentar um psicólogo também pode ajudar. "Nos consultórios, trabalhamos com estratégias de enfrentamento de situações. Fortalecemos o autoconceito", acrescentou.

Fonte: Diário do Grande ABC. http://www.dgabc.com.br/News/5915200/psicologa-avalia-comportamento-de-garoto-armado.aspx


Crenças: devemos maximizar as positivas e minimizar as negativas


"Como o intuito é que as crenças positivas “falem conosco” em alto e bom som e as negativas “sussurrem” seu conteúdo para nós, temos assim base o suficiente para não nos deixarmos cair ou paralisar por esse conteúdo negativo; podendo justamente percebê-lo como uma dúvida diante de alguma situação e assim termos vontade de superá-la"


Todos temos *crenças nucleares negativas sobre nós mesmos, o mundo e o futuro.

Posso acreditar que sou incapaz profissionalmente e/ou que sou chata (inadequada) ou ainda que não tenho valor. Consequentemente as pessoas não gostam de mim.

Posso acreditar que meu marido é um incompetente em casa, que minha vizinha é uma fofoqueira e que as pessoas não são confiáveis. Posso ainda acreditar que o futuro é incerto e não serei capaz de lidar com ele ou ainda que coisas ruins podem acontecer e eu não tenho recursos para lidar com elas.

Todas essas crenças quando muito fortes, tornam-se prejudiciais, pois nos paralisam, nos fazem sofrer e construir nossas vidas baseadas nelas (
clique aqui e leia).

O intuito da TCC é reestruturar nossas crenças nucleares negativas, de modo a enfraquecê-las e fortificar as crenças nucleares positivas, às quais todos também temos, mas que em algumas pessoas ou em determinadas áreas da vida estão quase que imperceptíveis.

Em função de como percebemos nossas experiências de vida, pode ocorrer de criarmos e reforçarmos muito mais crenças negativas do que crenças positivas; sendo essas generalizadas (ex. sou incapaz, não sou amado) ou em uma única área da vida (ex. sou incapaz profissionalmente, meu pai não gosta de mim).

Na terapia o intuito é identificar quais são as crenças nucleares negativas presentes e trabalhá-las de modo que elas tenham cada vez menos repercussão na vida dessa pessoa e, consequentemente que ela passe a perceber cada vez mais evidências que apoiem sua crença positiva.

Quando alguma de nossas crenças negativas está ativada por alguma situação ou momento, passamos a ter uma percepção enviesada da realidade. Com isso ignoramos evidências que reforçariam nossas crenças positivas ou ainda distorcendo as evidências fazendo com que a mensagem que seja registrada é que a crença negativa está correta.

Quando a crença negativa perde força, essa distorção passa a ocorrer cada vez menos, até porque as pessoas são treinadas a perceber quando fazem uma distorção cognitiva e desafiá-la - ou seja, duvidar dela.

Através da TCC são então minimizadas nossas crenças negativas e maximizadas as positivas, fazendo com que as pessoas tenham uma vida mais funcional (promissora/produtiva) e adequada.

Por que então não extinguir totalmente as crenças nucleares negativas?

Em primeiro lugar esse seria uma trabalho muito longo e quase que impossível. Uma vez que todas as crenças foram construídas ao longo de anos de vida e também sempre conseguiremos encontrar alguma situação que possa nos causar alguma dúvida quanto às nossas crenças.

Além disso, em minha opinião, é até positivo que fique um resquício de crenças negativas, pois elas impedirão que a pessoa se torne por demais segura e, portanto arrogante. Ao acreditar que é capaz demais, adequada demais ou amada demais, essa pessoa não terá nunca qualquer possibilidade de vulnerabilidade; o que resultará em acomodação, inércia ou ainda comportamentos de risco. Alguns exemplos seriam não achar que precisa melhorar como pessoa ou aprender mais na área profissional ou ainda praticar esportes radicais sem a devida segurança.

Acredito que as crenças negativas quando estão devidamente reestruturadas (minimizadas) fazem com que tenhamos dúvidas em algumas situações e essa dúvida pode ajudar a crescermos, nos desenvolvermos e melhorarmos.

Como o intuito é que as crenças positivas “falem conosco” em alto e bom som e as negativas “sussurrem” seu conteúdo para nós, temos assim base o suficiente para não nos deixarmos cair ou paralisar por esse conteúdo negativo; podendo justamente percebê-lo como uma dúvida diante de alguma situação e assim termos vontade de superá-la. Um exemplo seria diante de uma discussão com alguém, se questionar qual seria sua parte de responsabilidade e o que poderia ser feito para melhorar a situação.

No caso de uma pessoa sem crenças negativas, de maneira alguma ela se sentiria vulnerável e diante disso dificilmente reconsideraria sua palavras e ações; provavelmente acreditaria que não há nada de errado com ela, mas sim com o outro.

* Chama-se de crença nuclear ou crença central o centro de tudo o que acreditamos.

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Comportamentos de segurança ou estratégias compensatórias

"Quando temos um comportamento no intuito de aliviar um medo ou ansiedade, possivelmente estamos adotando-o para fugir da ativação de alguma crença negativa. No entanto, ele impede que a desconfirmemos e ainda acaba reforçando essa crença, fazendo com que fique mais forte e consistente"

Os comportamentos que você adota no seu dia a dia te ajudam a superar suas crenças negativas sobre você, o mundo (os outros) e o futuro? Ou acabam de algum modo reforçando-as mais ainda?

Caso a opção seja a segunda, você está adotando o que na TCC chamamos de estratégias compensatórias ou comportamentos de segurança.

O que são essas estratégias e como diferenciá-las dos comportamentos adequados (funcionais)?

Os comportamentos de segurança visam nos proteger de ativar nossas crenças negativas e lidar com o desconforto emocional gerado quando isso ocorre. Ou seja, eles visam compensá-las.

Desse modo, esses comportamentos têm uma intenção positiva e servem de estratégia, porque a pessoa percebe que através deles sente um alívio frente às situações perturbadoras ou desafiadoras.

Destacam-se alguns exemplos trazidos em texto anterior (clique aqui e leia), como a checagem, onde a pessoa fica preocupada se fechou o gás ou se trancou a porta. Ela checa isso inúmeras vezes para se reassegurar de sua ação. Ou ainda a pessoa que se prepara muito para todas as suas apresentações ou avaliações no intuito de lidar com o medo de falhar.

Por que esses comportamentos são classificados como estratégias compensatórias ou comportamentos de segurança?

Isso ocorre porque a pessoa se utilizou dessas estratégias para aliviar sua ansiedade gerada frente a uma crença negativa. Além disso, seu comportamento impediu que ela fizesse a desconfirmação dessa crença. Por exemplo, no segundo caso onde a pessoa não acredita em sua autoeficácia (ou seja, na sua habilidade em desempenhar as atividades com sucesso), ela sente-se ansiosa frente ao pensamento de que em breve terá a apresentação de um trabalho.

Isso ocorre, pois esse pensamento ativa sua crença: “Não confio na minha habilidade em desempenhar as atividades com sucesso” - e diante de sua ansiedade tem um comportamento que a alivia temporariamente: preparar-se exaustivamente. No entanto, a dúvida ou preocupação assola novamente, sempre que ela pensa na apresentação, pois ela tem uma crença negativa frente à sua autoeficácia.

Ela desenvolve uma estratégia para lidar com a situação que a torna “escrava” da mesma. Ela cria uma regra interna que somente preparando-se exaustivamente, é que poderá se sair bem. E se ele obter bom resultado, irá atribuí-lo a essa estratégia. E caso não obtenha um bom resultado, pensará que faltou preparo e que na próxima precisará se esforçar ainda mais.

Diante disso, essa pessoa não se dá a chance de testar seu desempenho, preparando-se normalmente como qualquer outra pessoa e assim poder desafiar sua crença negativa de que sua autoeficácia é falha.

O mesmo ocorre no caso da pessoa que checa a porta inúmeras vezes. Sua ansiedade alivia momentaneamente, até que a dúvida retorne. Ao checar diversas vezes se a porta ficou trancada, reforça sua crença de que não pode confiar em si mesma.

Desse modo, quando temos um comportamento no intuito de aliviar um medo ou ansiedade, possivelmente estamos adotando-o para fugir da ativação de alguma crença negativa. No entanto, ele impede que a desconfirmemos e ainda acaba reforçando essa crença, fazendo com que fique mais forte e consistente.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Jogo Patológico - Vício de jogo

"Pessoas com Transtorno do Jogo Patológico têm todos os aspectos da dependência. Isso seria causado pelo uso repetitivo de uma "substância química". Onde estaria então a “droga” no jogo? Pode-se dizer que estaria na aposta. O jogador no caso torna-se dependente da excitação causada pelo ato de arriscar algo de valor (ex. dinheiro)"


Os jogos de azar podem se tornar patológicos e estão no espectro de Transtornos de Controle do Impulso.

Eles ganham atenção crescente, provavelmente por uma combinação de fatores:

1) fazer apostas é um comportamento comum, mesmo entre indivíduos que não apresentam problemas com isso;

2) o impulso pelo jogo pode ter consequências devastadoras tanto para a pessoa como para sua família;

3) a grande disponibilidade dos jogos de azar tradicionais (loterias, corridas de cavalos, jogos de carta, cassinos, etc...) e a crescente introdução de novos jogos (pôquer, roleta e caça-níqueis pela internet, jogos online de videogame, etc...)

4) os jogos de azar facilitam a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e financiamento indireto do crime.
Para a OMS (Organização Mundial da Saúde) o jogo somente passou a ser reconhecido como uma doença (jogo patológico) a partir de 1992. Ele é definido pela incapacidade em controlar o hábito de jogar, mesmo com todos os inconvenientes que isso possa proporcionar: problemas pessoais, financeiros, familiares, profissionais, sociais, etc.

Critérios diagnósticos

Segundo o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – Quarta Edição) os critérios diagnósticos para o Jogo Patológico são:
Comportamento de jogo mal-adaptativo (sem controle), persistente e recorrente, indicado por cinco (ou mais) dos seguintes quesitos:

(1) preocupação com o jogo (por ex., preocupa-se com reviver experiências de jogo passadas, avalia possibilidades ou planeja a próxima parada, ou pensa em modos de obter dinheiro para jogar);

(2)
necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez maiores, a fim de obter a excitação desejada;

(3) esforços repetidos e fracassados no sentido de controlar, reduzir ou cessar com o jogo;

(4) inquietude ou irritabilidade, quando tenta reduzir ou cessar com o jogo;

(5) joga como forma de fugir de problemas ou de aliviar um humor disfórico (por ex., sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão);

(6) após perder dinheiro no jogo, frequentemente volta outro dia para ficar quite ("recuperar o prejuízo");

(7) mente para familiares, para o terapeuta ou outras pessoas, para encobrir a extensão do seu envolvimento com o jogo;

(8) comete atos ilegais como falsificação, fraude, furto ou estelionato, para financiar o jogo;

(9) coloca em perigo ou perde um relacionamento significativo, o emprego ou uma oportunidade educacional ou profissional por causa do jogo;

(10) recorre a outras pessoas com o fim de obter dinheiro para aliviar uma situação financeira desesperadora causada pelo jogo.

Dependência

É possível perceber em pessoas com Transtorno do Jogo Patológico todos os aspectos da dependência. Isso é causado pelo uso repetitivo de uma "substância química". Onde estaria então a “droga” no jogo? Pode-se dizer que estaria na aposta. O jogador no caso torna-se dependente da excitação causada pelo ato de arriscar algo de valor (ex. dinheiro).

Essa sensação já é bastante forte e quando o jogador consegue resgatar o prêmio, esse se torna então ainda mais reforçador. O que ocorre é que nem sempre ele ganha, o que o faz buscar novamente essa sensação prazerosa, arriscando-se mais e aumentando o valor das apostas. Tem-se início o acúmulo das dívidas.

No intuito de reverter esse quadro, o jogador aumenta ainda mais as apostas para recuperar o dinheiro perdido. Os problemas se acumulam: atrasos de pagamento, reclamações dos familiares, dificuldade de concentração e esgotamento em função de preocupações, noites em claro em frente a uma máquina ou mesa de carteado. Quando o dinheiro acaba ou os familiares intervêm o jogador se vê ainda mais inquieto, angustiado em função dessa abstinência forçada e, assim com mais vontade de apostar.

O que se percebe é que é nesses momentos que o jogador pede dinheiro emprestado (escondido da família e amigos) e começa a mentir. Esse círculo vicioso pode ser manter por anos a fio.

Por que uns podem jogar sem problemas de dependência e outros não?

Há diversas hipóteses, mas ainda poucas repostas conclusivas. No entanto, através de algumas pesquisas e estudos desenvolvidos, foram percebidos alguns fatores comuns aos jogadores patológicos: ter sofrido abuso emocional ou abandono na infância, ser portador de outros transtornos emocionais e psiquiátricos e ter história familiar de dependência química ou de jogo na família.

Parece haver uma associação inegável entre ter pessoas na família com problemas de jogo e de dependência química. Ou seja, essas duas variáveis caminham muito próximas.

Desse modo, leva-se a pensar em um componente genético nessa interação. No entanto, o que está sendo transmitido pelos genes não é a doença, já que ela depende do contato com fatores externos para se desenvolver. Acredita-se que o que é passado, seja uma vulnerabilidade para a doença, a qual poderá se manifestar, ou não, dependendo da história de cada pessoa.

Leia este texto também em Via Estelar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Se não quiser adoecer

Por Dr. Dráuzio Varela

SE NÃO QUISER ADOECER...FALE DE SEUS SENTIMENTOS.
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos "segredos", nossos erros... O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente Terapia!


SE NÃO QUISER ADOECER...TOME DECISÕES.
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.


SE NÃO QUISER ADOECER...BUSQUE SOLUÇÕES.
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.


SE NÃO QUISER ADOECER...NÃO VIVA DE APARÊNCIAS.
Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar ser perfeito, bonzinho, etc., está acumulando toneladas de peso...uma estátua de bronze, mas com os pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital a dor.


SE NÃO QUISER ADOECER...ACEITE-SE.
A rejeição de si próprio, a ausência de autoestima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.


SE NÃO QUISER ADOECER...CONFIE.
Quem não confia não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus...


SE NÃO QUISER ADOECER...NÃO VIVA SEMPRE TRISTE.
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". A alegria é saúde e terapia!