terça-feira, 29 de novembro de 2011

Para atingir o sucesso não basta persistência, é preciso perseverança

Persistência - "O problema se encontra quando os resultados atingidos através de determinados comportamentos não são os desejados e permanece-se repetindo-os" 

 Existem diferenças entre persistência e perseverança muito além das definições do dicionário. Isso pode inclusive influenciar ou até ser responsável pela ineficiência ou incapacidade em se alcançar o sucesso.

Começando pelos pontos em comum, tanto quem é persistente quanto quem é perseverante visa um objetivo (atingir um resultado) e o foco encontra-se no mesmo. Quem é persistente busca atingir esse objetivo mantendo a mesma estratégia, ou seja, repetindo os mesmos passos ou ainda, “fazendo mais do mesmo”. Quando se está aprendendo a dirigir, aprendendo um novo idioma ou qualquer outra habilidade que seja, esse é o único caminho que permite que se alcance a excelência. A repetição, o treino ou a persistência são impreteríveis.

O problema se encontra quando os resultados atingidos através de determinados comportamentos não são os desejados e permanece-se repetindo-os. Einstein já nos disse que: “Não há maior demonstração de insanidade do que fazer a mesma coisa, da mesma forma, dia após dia, e esperar resultados diferentes.” Desse modo, quando se visa algo novo, é preciso buscar estratégias alternativas.

O ex jogador de basquete Michael Jordan em seu livro “Nunca deixe de tentar” diz: “Você pode praticar arremessos durante oito horas por dia, mas, se a sua técnica estiver errada, tudo o que irá conseguir é se tornar muito bom em arremessar a bola do jeito errado.” É preciso então aprender com os erros, analisando o que pode ser feito de maneira diferente para desse modo alcançar um resultado diferente.

 Perseverança e sucesso 

Ser perseverante pressupõe criatividade, flexibilidade e visão. Criatividade para gerar diferentes estratégias, flexibilidade para ter “o jogo de cintura” necessário para adotá-las quando preciso e visão para antecipar possíveis riscos, assim como pontos positivos ou negativos das estratégias. Assim, perseverança é criar diferentes soluções para resolver um problema ou ainda buscar diversas alternativas para se alcançar um objetivo.

Há a tendência de com o passar dos anos, as pessoas tornarem-se mais persistentes, ao invés de perseverantes, pois podem passar a se basear em suas experiências de vida passadas e em função disso enrijecerem seu modo de fazer as escolhas de estratégias futuras. Do mesmo modo, as crianças ou os jovens, como ainda estão aprendendo e testando diversas coisas, podem ter mais abertura nas suas escolhas. No entanto, como persistência e perseverança são atitudes aprendidas e, desse modo, podem ser treináveis (aprendidas) qualquer um, em qualquer idade pode desenvolver qualquer uma delas.

A técnica abaixo é muito simples, mas pode ser uma poderosa ferramenta para auxiliar a empreender comportamentos mais perseverantes e estratégicos:

 1- Qual seu OBJETIVO nessa situação?

 2- Quais são as ALTERNATIVAS?

 3- Quais as VANTAGENS e DESVANTAGENS de cada uma das alternativas?

 4- ESCOLHA uma alternativa.

 5- FAÇA o que foi escolhido. 6- Avalie os RESULTADOS.

 7- Aprenda e faça MELHORIAS.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Processo de perda e luto

Todas as pessoas que têm algum tipo de perda ou que têm a possibilidade de sofrer (morte de ente querido, diagnóstico de doença, falência, traição, punição criminal, etc.) passam por um processo de luto, para poder elaborar e lidar com essa situação. A falecida psiquiatra suíça, Elisabeth Kubler-Ross pesquisou e trabalhou com esse tema e descreveu cinco fases desse processo de luto.

Dentro da abordagem da TCC, é possível perceber que existem pensamentos e comportamentos comuns às pessoas que se encontram vivenciando cada uma dessas fases. Essa descrição pode facilitar a compreensão e a percepção sobre o que ocorre com pessoas que vivenciam alguma forma de perda ou luto.

  Primeira fase: negação
Nessa fase a pessoa nega a existência do problema ou situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tentar esquecê-la, não pensar nela ou ainda buscar provas ou argumentos de que ela não é a realidade.

 Pensamentos
 • “Isso não é verdade!”
• “Vai passar.”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também.”

Comportamentos
 • Buscar uma segunda opinião ou outras explicações para a questão.
 • Continuar se comportando como antes (ignorando a situação).
 • Não aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

  Segunda fase: raiva
Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente essas emoções são projetadas no ambiente externo; percebendo o mundo, os outros, Deus, etc. como causadores de seu sofrimento. A pessoa sente-se inconformada e vê situação como uma injustiça.

 Pensamentos
• “Por que eu?”
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

 Comportamentos
• Perde a calma quando fala sobre o assunto.
• Recusa-se a ouvir conselhos.
• Evita falar sobre o assunto.

  Terceira Fase: negociação
Nessa fase busca-se fazer algum tipo de acordo de maneira que as coisas possam voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio indivíduo ou às vezes voltada para à religiosidade. Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.

 Pensamentos
• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente. 

Comportamentos
• Rezar e fazer um acordo com Deus.
• Buscar agradar (no caso de uma traição).
• Se alimentar com produtos lights e diets para compensar os outros alimentos.

  Quarta fase: depressão
Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É um momento e que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.

 Pensamentos
• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

 Comportamentos
• Chorar.
• Afastar-se das pessoas.
• Comportar-se de maneira autodestrutiva.

  Quinta fase: aceitação
Nessa fase percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

 Pensamentos
• “Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isto.”
• “Posso aprender com isto e melhorar.”

 Comportamentos
• Buscar ajuda para resolver a situação.
• Conversar com outros sobre o assunto.
• Planejar estratégias para lidar com a questão.

 As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas depois retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas, sem ter avanços por longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. Tem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar a aceitação nunca. Tem pessoas que em poucas horas ou dias fazem todo o processo, isso varia também em função da perda sofrida pela pessoa.

 O terapeuta de TCC trabalha desafiando os pensamentos automáticos negativos (PANs), fornecendo suporte emocional e planejando conjuntamente com a pessoa comportamentos alternativos mais saudáveis e produtivos.

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ser assertivo é mais vantajoso que ser agressivo ou não assertivo

"Andrew Salter, considerado um dos pais da terapia comportamental, descreve em seu livro Conditional Reflex Therapy(Terapia de Reflexos Condicionados, 1949) que as pessoas não assertivas buscam ser tudo para todo mundo e culminam em não ser nada para si mesmas"
Existem basicamente três tipos de comportamento: assertivo, não assertivo e agressivo. Para os três há vantagens e desvantagens. De modo geral, em longo prazo o mais vantajoso é o comportamento assertivo. Veja a diferença entre eles.
Comportamento assertivo
Assertividade é o comportamento de expressar diretamente os próprios pensamentos (opiniões, vontades e ideias) ou emoções, sem que para isso seja coercitivo (ameaçador ou autoritário) para o outro. Quando a pessoa é assertiva ela expressa o que pensa/sente sem que viole o direito do outro.
O comportamento assertivo, na maioria das vezes, é bastante reforçador para a pessoa que o emite; uma vez que ela se expressa livremente, dizendo o que está pensando ou sentindo e através disso fica satisfeita por sua ação, independente do resultado obtido.
Um dia de cada vez
Geralmente esse comportamento facilita a pessoa a se aproximar de seus objetivos, pois ao expor o que quer, faz com o que os outros estejam a par disso, em certos casos, inclusive mobilizando-se para ajudá-la. No entanto, há casos em que há a possibilidade de a pessoa não conseguir o que quer, mesmo sendo assertiva ou ainda receber como resposta um comportamento de agressividade.
Dois exemplos que demonstram respectivamente essas duas possibilidades são: uma pessoa dizer que quer um aumento e não receber; um dos cônjuges (o que controla o orçamento) dizer que terão de fazer economia durante os próximos meses e o outro se zangar com isso, dizendo que não abrirá mão de suas regalias.
Comportamento agressivo
Uma maneira agressiva de ser comportar pode ser muita reforçadora, pois é possível que através dela se obtenha o que se quer. Em outras palavras: "Se eu tenho algum objetivo e me utilizo de agressividade, é possível que eu alcance o que desejo"
O comportamento agressivo pode ser expresso de maneira direta ou indireta. Ocorre de maneira direta quando há agressão verbal (xingamentos, ameaças, comentários hostis) ou agressão física e de maneira indireta quando há comentários sarcásticos, cochichos maliciosos pelas costas, olhares ‘fuzilantes’, gestos hostis, etc...
Quando se comporta de maneira agressiva, a pessoa é coercitiva com outro, impondo-lhe à força a sua vontade ou opinião ou ainda buscando vencer a situação a qualquer custo. Desse modo viola os direitos da outra pessoa. A pessoa agressiva dessa maneira se torna inadequada e desonesta.
"Quando me utilizo de comportamento agressivo busco obter o que quero através da diminuição do outro. Humilho-o, faço com que se sinta mais fraco e, com isso, tenha menos capacidade de expressar seus desejos e necessidades. A mensagem que transmito é que minha opinião é melhor do que a sua, que os meus sentimentos é que contam, não os seus. Em suma me importo somente comigo nesse momento e você não tem a menor importância"
É possível perceber que esse comportamento tem uma repercussão negativa nas relações interpessoais. Indivíduos que mantêm padrões consistentes de comportamento agressivo não são candidatos a terem relações duradouras e prazerosas. Além disso, correm o risco de sofrerem contra-agressões de outras pessoas diante de seus comportamentos.
Comportamento não assertivo
O comportamento não assertivo, chamado por alguns de comportamento passivo, trata-se da não expressão dos próprios pensamentos ou sentimentos, ou ainda de não expressá-los honestamente. Implica na violação dos próprios direitos e permite que outros o façam também.
O comportamento não assertivo pode ocorrer verbalmente de diversos modos. A pessoa pode expressar seus pensamentos e sentimentos de maneira autoderrotista ou não dizendo exatamente o que lhe passa na cabeça ou ainda como se sente. Pode também desculpar-se ininterruptamente, quase que como se desculpasse por existir. Todas essas maneiras de expressar-se faz com que as outras pessoas não lhe deem atenção, assim como ao que diz. Geralmente os comportamentos não assertivos verbais são acompanhados de comportamentos não assertivos não verbais, sendo esses: falar em tom baixo, evitar contato visual, postura corporal curvada, entre outros.
A postura não assertiva além de demonstrar uma falta de respeito às próprias necessidades, também é uma falta de respeito para com o outro em poder assumir a capacidade de lidar com frustrações, problemas e responsabilidades. O que se busca através da não asserção é apaziguar os demais e evitar conflitos a todo custo. Isso se faz inúmeras vezes passando por cima de si mesmo. No entanto, se esquivar da ansiedade que é causada pelos conflitos ou perceber que deixou as pessoas livres de preocupações é algo que reforça em muito essa atitude.
O resultado de uma postura não assertiva é ter uma dificuldade maior em atingir seus objetivos, pois ao não expressar suas necessidades dificulta com que essas sejam atingidas; da mesma maneira que não dizer sua opinião impede que o outro tenha consciência dela e possa compreendê-la ou até mesmo concordar com ela.
Outro resultado negativo é que com a repressão de sentimentos possam surgir diversas doenças ou sintomas psicossomáticos como: dor de cabeça, gastrite, tensão muscular e muitos outros.
Além disso, após diversas situações em que o comportamento não assertivo foi adotado, é bem provável que haja uma explosão de agressividade, uma vez que todos têm um limite para a quantidade de frustração que podem aguentar. Nesse ponto, a expressão da emoção irá muito além da proporção do estímulo que a desencadeou.
Quem se relaciona com uma pessoa não assertiva, além de poder ser alvo de explosões de raiva sem aviso prévio, também tem muita dificuldade em saber o que o outro quer. Precisa inferir ou quase que adivinhar o que o outro pensa ou sente. Isso causa frustração, confusão, afastamento e/ou raiva. Outro ponto é que é uma carga muito pesada ter que se responsabilizar por tomar decisões por outra pessoa, além do que essa pode não ficar satisfeita com as escolhas feitas.

Andrew Salter, considerado um dos pais da terapia comportamental, descreve em seu livro Conditional Reflex Therapy (Terapia de Reflexos Condicionados, 1949) que as pessoas não assertivas buscam ser tudo para todo mundo e culminam em não ser nada para si mesmas. São camaleões, tratando de agradar a todos com que estão. Expressam tudo, menos o que sentem. Têm muito dificuldade em dizer “não”. Buscam ser agradáveis com as pessoas e quando não têm isso como retorno, pensam que é por sua própria culpa. Veem-se como tolerantes, democráticos e de mente aberta. São honestos intelectualmente, mas emocionalmente são uns mentirosos. Sua cortesia pode ser uma fraude, pois nunca se sabe o que realmente se passa em suas cabeças e isso não conduz a relações sociais calorosas. Estão sempre analisando e planejando. Interagem com o ambiente depois de deliberá-lo, porque nunca podem agir espontaneamente. Não têm certeza de seus sentimentos e opiniões sobre nada.
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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Você sabe o que é escoriação neurótica (skin picking) e tricotilomania?


A escoriação neurótica ou skin picking é definida como uma dificuldade em resistir ao impulso de causar ou agravar lesões à própria pele (coçar, arranhar, picar), usando para isso unhas, dedos ou outros objetos.

Para que seja caracterizada como escoriação neurótica, deve-se perceber um padrão comportamental ou psicológico clinicamente importante (deve ocorrer frequentemente e ser algo que ocupe certo tempo e/ou seja motivo de preocupação para o indivíduo) e que cause risco significativo de sofrimento, dor ou deformidade.

A escoriação neurótica (skin picking) pode ocorrer sobre lesões já existentes (acne escoriada) ou sobre a pele sadia. Os locais mais acometidos são a face, membros superiores e inferiores.

A maioria dos pacientes se agride diariamente, sentindo vergonha e falta de controle sobre o comportamento. Costumam esconder as lesões e cicatrizes, por exemplo, utilizando maquiagem para camuflá-las. Quando é imposta alguma restrição a esse comportamento, o paciente relata dificuldade para se controlar. Há concordância nos relatos de que há um aumento de tensão antes do comportamento e alívio após o mesmo.

Tricotilomania

A tricotilomania caracteriza-se pelo ato de puxar de forma recorrente os próprios pelos ou cabelos por prazer, satisfação ou alívio de tensão, acarretando uma perda capilar perceptível. Os locais onde os pelos ou cabelos são arrancados podem compreender qualquer região do corpo (couro cabeludo, cílios, sobrancelhas, região púbica, períneo, axila e abdômen), sendo os pontos mais comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.

O ato de arrancar cabelos pode ocorrer por curtos episódios ao longo do dia ou com menos frequência no decorrer do dia, mas com período de tempo mais prolongado, podendo se estender até por horas. Circunstâncias estressantes frequentemente aumentam esse comportamento, mas ele também ocorre em estado de relaxamento ou distração (por exemplo, assistindo televisão ou lendo um livro). Um sentimento de tensão aumentada está presente imediatamente antes do ato de arrancar os cabelos e há um alívio após o comportamento. Para alguns, a tensão não precede necessariamente o ato, mas está associada com tentativas de resistir a esse anseio. Alguns indivíduos experimentam uma sensação "tipo coceira" no couro cabeludo, que é aliviada pelo ato de arrancar os cabelos.

Os critérios diagnósticos do DSM-IV-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) para tricotilomania são:

A. Comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando em perda capilar perceptível.

B. Sensação de tensão crescente, imediatamente antes de arrancar os cabelos ou quando o indivíduo tenta resistir ao comportamento.

C. Prazer, satisfação ou alívio ao arrancar os cabelos.

D. O distúrbio não é melhor explicado por outro transtorno mental, nem se deve a uma condição médica geral (por exemplo, uma condição dermatológica).

E. O distúrbio causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Tratamento

A combinação de farmacoterapia e terapia cognitivo-comportamental pode ser efetiva para o tratamento de ambas essas psicopatologias, reforçando a ideia de uma abordagem multidisciplinar para seu tratamento.

Nessas duas doenças a TCC enfoca as cognições disfuncionais (padrões de pensamento negativo) e/ou comportamentos que causam danos à pele ou ao cabelo, identificando-os e, modificando esses pensamentos para outros alternativos e mais funcionais; substituindo os comportamentos inadequados por comportamentos assertivos e/ou mais adequados.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Comportamento cleptomaníaco é dissociado de carência financeira


"O que leva a pessoa a furtar, é uma sensação crescente de tensão antes do furto e uma alívio dessa tensão, prazer ou satisfação após cometê-lo"

A característica principal da cleptomania é o fracasso persistente em resistir a impulsos de furtar objetos.
Desse modo, esse comportamento ocorre inúmeras vezes desassociado da carência financeira. Em outras palavras, os objetos são furtados apesar de geralmente terem pouco valor monetário ou utilidade para a pessoa. Essa teria condições de comprá-los e não é raro dá-los de presente ou jogá-los fora. Às vezes, o indivíduo pode colecionar os objetos furtados ou devolvê-los disfarçadamente. Embora geralmente as pessoas com esse transtorno evitem furtar quando haja uma possibilidade de detenção imediata (por ex: na presença de um policial), elas não costumam planejar seus furtos anteriormente e nem avaliam corretamente as chances existentes de serem presas. O furto ocorre sem auxílio ou colaboração de outras pessoas.
O que leva a pessoa a furtar, é uma sensação crescente de tensão antes do furto e uma alívio dessa tensão, prazer ou satisfação após cometê-lo. O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança. Há a consciência de que o ato é errado e sem sentido. O indivíduo com frequência tem medo de ser pego e se sente triste ou culpado em relação aos furtos.
A cleptomania é uma condição rara, que parece ocorrer em menos de 5% de pessoas que cometem furtos em lojas. Ela parece ser mais comum entre mulheres, embora não se saiba a razão disso.
A cleptomania deve ser diferenciada de atos comuns de roubo e furtos. O furto comum (planejado ou impulsivo) é deliberado e motivado pela utilidade do objeto ou por seu valor monetário. Algumas pessoas, especialmente adolescentes, também podem furtar como um ato de rebeldia, de aceitação pela turma ou como um *rito de passagem.
O tratamento baseia-se em acompanhamento psicoterapêutico e psiquiátrico. A TCC demonstra ter bons resultados na diminuição de incidências e maior controle sobre os episódios de cleptomania, como demonstrado em estudos e pesquisas.
* Rito de passagem: ato realizado pela pessoa para oficializar sua passagem de uma fase de vida para a outra. Na comunidade indígena há muito isso. Por ex: o garoto índio para poder entrar no mundo adulto é enviado para caçar uma animal ou ficar longe da tribo e sobreviver sozinho por alguns dias. Na nossa sociedade, em alguns grupos de adolescentes, é solicitado que seus membros (ou alguém que queira ingressar nele) provem que sejam merecedores e aí, por exemplo, eles têm de roubar algo de valor ou fazer algo perigoso como prova.

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