sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bases da Terapia Cognitivo Comportamental – TCC


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A Terapia Cognitivo Comportamental visa a reeducação de pensamentos e de crenças distorcidos ou disfuncionais. 

Na terapia cognitiva, o paciente aprende que seu sistema de crenças é o que causa seus estados de humor, (assim como seus comportamentos), e que os eventos externos, experiências da infância e a genética são agentes que influenciam, mas, menos importantes do que a maneira como o indivíduo reage a eles.
Embora a maioria das pessoas não se dê conta, toda e qualquer emoção é acompanhada por pensamentos e, mais do que isso, é gerada pelos mesmos. Isto pode ser difícil de se perceber, porque além das emoções poderem variar diversas vezes ao dia - dificultando prestar atenção na alteração das mesmas - pode parecer também que elas surgem do nada, sem influência alguma da pessoa. No caso específico da depressão, onde as variações de humor são pouco freqüentes, a pessoa pode ter menos idéia ainda do que a gera e mantém.

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Como ocorre isso na prática? No dia a dia?

Vamos supor o caso de um determinado garoto que inicia o colegial. Ele terá sua primeira prova e se organiza para estudar o conteúdo da mesma. Senta-se para ler o livro e sente certa dificuldade para entender os primeiros tópicos. Passa-lhe pela cabeça que aquilo é muito difícil e que ele jamais compreenderá a matéria. Começa então a sentir-se triste, com peso no abdômen e fecha o livro. Desiste de estudar e passa o restante da tarde cabisbaixo e chateado.

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Este garoto parece não perceber os pensamentos que o acometeram durante seu estudo e que resultaram em humor deprimido, peso no estômago e na desistência da leitura. O fato do desconhecimento do processo cognitivo, leva a muitas pessoas a ficarem à mercê de suas crenças (as quais podem ser positivas ou negativas) além de reforçarem-nas, em função de gerarem novas evidências que as comprovem.

A parte Cognitiva e Comportamental do processo de terapia

O treinamento comportamental tem como intuito a modificação de hábitos. Este leva o paciente a ter controle sobre fatores que antes pensava não ter, fato que o fazia sentir-se impotente. Este treinamento é uma parte bem prática da terapia e traz resultados rápidos, dependendo da motivação do paciente e dos passos a serem planejados em conjunto entre o mesmo e o psicoterapeuta.
O foco Cognitivo da terapia tem como pilar ensinar o paciente a entender sua maneira de pensar e suas reações às situações, das quais ele pode ter maior ou menor controle. Isto inicia-se através do exame dos pensamentos automáticos.

O que são os pensamentos automáticos? 

São os nossos diálogos internos, que ocorrem em forma de pensamento ou de imagens mentais. Todos temos conversas internas e automáticas o tempo todo, a diferença é se elas são conscientes (percebidas) ou não e também o conteúdo das mesmas (que pode ser positivo ou negativo).
Os pensamentos automáticos derivam das nossas crenças mais profundas. As crenças definem o filtro que utilizamos para absorver e perceber as experiências pelas quais passamos. Em outras palavras, as crenças são como óculos que colocamos e que através dos mesmos enxergamos o mundo, os outros e a nós mesmos. A visão que temos através desse “óculos” gera interpretações dentro de nós, e os pensamentos automáticos são a concretização destes. Ou seja, o garoto da história acima, tem como um de seus “óculos”, o ser incompetente. Vê o mundo, aos outros e a si mesmo através desse filtro e interpreta e absorve as informações de acordo com ele. Assim, ler um livro sobre o qual ele sente certa dificuldade de entendimento, aciona sua crença de ser incompetente. Esta crença gera a interpretação de ele ser incapaz de compreender os tópicos do livro. Vêem-lhe à cabeça pensamentos de que ele jamais entenderá a matéria da prova e que aquilo é difícil demais para ele. A conseqüência disso já foi explicada acima.
É comum também quando se está com certa crença ativada que se generalize e/ou aumente as interpretações. Por exemplo, no caso do garoto, ele poder vir a pensar que já que não consegue compreender alguns tópicos desse livro, terá sempre dificuldades na leitura de outros livros. Além disso, que irá repetir essa disciplina e que nunca terminará o colegial.

Modificando o pensamento
No momento em que o paciente se dá conta de que ele tem a possibilidade de mudar suas cognições (interpretações) sobre os eventos, esta percepção dá início a um processo terapêutico de mudanças internas que irão refletir nos fatos externos. O indivíduo sai da posição de vítima e sente-se mais forte logo no início da terapia, porque ele percebe que, mesmo tendo reais dificuldades, pode começar a agir sobre elas, utilizando ferramentas poderosas e eficientes.



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2 comentários:

  1. Olá Dra. Thaís, bom dia !
    Muito esclarecedor seu texto em relação a TCC, acho que todos vivemos ou já vivemos em algum momento de nossas vidas experiências como as que foram narradas. Eu por exemplo vivo na insegurança de que não consigo terminar algo que comecei como ex.: curso, tarefa do trabalho, sinto-me frustrado e sem metas. Vc poderia me aconselhar? Grato

    Rogerio Curcio
    Rio de Janeiro
    rogeriocurcio@yahoo.com.br

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  2. Rogério,

    Dentro do que você está me contando observo duas questões: uma é o pensamento de que não irá terminar o que iniciou; outra e a questão das metas.
    Ambos os pontos de deixam com a sensação de impotência, mas da maneira que você conta por razões diferentes.
    Primeiramente, busque prestar atenção aos pensamentos que lhe vêm à cabeça quando você começa a se desmotivar em terminar o que começou. Essa é a causa que está mais na superfície (o pensamento automático). Quando conseguir indentificá-lo questione-o (buscando outras opções de pensamentos diferentes deste, as quais também são possíveis de acreditar, mas que normalmente você não leva em conta). Ex. de outras opções de pensamentos: não conseguirei fazer isso hoje pois estou cansado, posso terminar essa tarefa caso eu realmente me empenhe, etc...
    Outro passo importante é o de confrontar esse P.A. (pensamento automático) utilizando como bases evidências de sua vida, ou seja, buscar em seu passado alguma evidência contrária ao seu P.A..
    Esses dois são importantes passos para começar a mudança no padrão de pensamentos automáticos, além de iniciar a desestruturação da crença negativa, que normalmente é inconsciente e também a construção de uma nova mais positiva e eficiente. Somente com a mudança da crença (que é o núcleo) é que esse padrão se tornará definitivamente alterado.

    Com relação as metas, o procedimento é diferente. Deixe sua mente divagar convidando-a a sonhar (sem censura ou questionamento algum). Imagine todas as coisas que você gostaria de consquistar (ser, ter e fazer) e após o exercício escreva-as. Leia a sua lista e coloque prazos (datas) para o alcance de cada um dos itens. Observe quais deste itens você quer dar maior atenção e investir maior quantidade de energia. Todos eles podem ser tornar possíveis, no entanto fazer tudo ao mesmo tempo pode cansá-lo e desmotivá-lo pois os resultados podem não vir tão depressa em função do montante de coisas a fazer e do tempo a energia a ser dividido entre elas.
    Após escolher no que colocará o foco, trace um plano de ação (planejamento de quais os passos a serem seguidos para alcançar essa meta). Aí é so colocar a mão na massa levando em conta o que falei sobre os P. A.s anteriormente.

    Um excelente trabalho para você e espero ter ajudado em seu crescimento!

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