terça-feira, 9 de agosto de 2011

Como aceitar o que eu não posso mudar no meu relacionamento?

"Todo relacionamento pode ser uma grande oportunidade de crescimento e autoconhecimento, pois o par muitas vezes serve de espelho para nós"

Você está com seu par (marido ou esposa) e sabe que realmente gosta dessa pessoa e não tem intenção de se separar, mas quando ele (a) faz isso ou aquilo, a casa cai. Começa a pensar em todas as coisas que ele(a) faz e que te desagrada, percebe que sua raiva ou tristeza aumentam e quando vê já está brigando ou arrumando desculpas para ficar longe.

É justamente aí que os relacionamentos começam a se desgastar: as pessoas não compartilham mais o que pensam e sentem, fazem acusações e cobranças um ao outro, afastam-se, etc...

O problema começa não no que o outro faz, mas na interpretação e tamanho que se dá a isso.

Se você escolheu estar com seu par é porque analisou os valores pessoais e interesses em comum, assim como seu sentimento e decidiu que essa era uma boa união. Desse modo, ele(a) é uma pessoa com pontos que em sua maioria você aprecia e concorda. No entanto, ninguém é perfeito, nem mesmo você para seu par.
Muitas vezes o que nós gostamos e admiramos é aquilo com o que nos identificamos, ou por que fazemos do mesmo modo, ou por que gostaríamos de fazer. Ou seja, essa maneira de se comportar é compreendida por nós. O que causa incômodo é o diferente: o que não conhecemos ou concordamos e é justamente isso que geralmente causa os desentendimentos. Desentender segundo o dicionário Michaelis significa: 1- Não entender. 2- Fingir que não entende. 3- Não se entenderem reciprocamente.

Quando o outro faz algo diferente do modo como eu faço ou não faz como eu gostaria que ocorresse, isso viola alguma regra interna de como as coisas deveriam ser. É por isso que nos zangamos com os outros; não compartilhamos certa maneira de fazer algo. Olhando por esse ângulo, não há o correto e o errado; há diferentes maneiras de se fazer as coisas, mas que nem sempre são entendidas pelo outro e, portanto, podem ser percebidas como incorretas ou ruins.


"O problema começa não no que o outro faz, mas na interpretação e tamanho que se dá a isso"

Quando procuro me colocar no lugar do meu cônjuge e compreender o que ele pensa, o que sente e consequentemente o que faz; aquele ponto que antes era percebido como incômodo, pode ganhar outra nuance: tenho a possibilidade de ser empático, “olhar através dos olhos do outro”, e entendê-lo. Fora isso, a ruminação (pensar repetidamente em algo ruim e alimentar isso) é extremamente danosa à relação.

Quando me permito expor ao (a) meu (minha) companheiro (a) o que penso e como me sinto quando ele (ela) faz isso; além de não alimentar a ruminação (pois estou colocando para fora os pensamentos e emoções negativas); ainda tenho a possibilidade de ouvir do outro o que ele pensa e sente nessa situação.


Isso evita a leitura mental (distorção cognitiva) e consequentes desentendimentos. Além disso, quando meu par faz algo que me incomoda muito, vale prestar atenção se esse incômodo pode estar apontando para uma questão minha. Um exemplo é quando a esposa vai viajar a trabalho (ou sai com as amigas para jantar) e o marido sente-se muito incomodado com isso, recriminando-a por esse comportamento. É preciso analisar o que está passando na cabeça desse marido. É bem possível que alguma crença negativa dele tenha sido ativada pela situação da esposa sair sem ele, gerando pensamentos automáticos negativos (ex. “ela irá me trair”), emoção negativa (ex. medo) e um comportamento disfuncional (ex. ser agressivo verbalmente com a esposa). 


Esse evento mostra que o relacionamento pode ser uma grande oportunidade de crescimento e autoconhecimento, pois o par muitas vezes serve de espelho para nós; cabe a escolha de querer perceber a situação dessa maneira, ao invés de culpá-lo (distorção cognitiva) por seus desconfortos. 


Leio este texto também em Via Estelar.



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