"É
tão imenso o medo da dor do parto que nem se permite a chance de
entrar em contato com ele..."
Dor
é algo que a maior parte dos seres vivos sente. Há alguns que por
questões de anomalias genéticas não sentem dor, o que pode lhes
gerar sérios problemas com relação à sua vida e sobrevivência.
Posto por esse ângulo, dor tem função.
Por
que então nós rechaçamos tão fortemente a dor? Ela não será uma
reação natural de nosso organismo frente a algo que ele percebe?
Vamos
entender uma pouco mais sobre a dor. Há dores físicas, há dores
fantasma (percebidas por pessoas em membros que foram amputados), há
dores emocionais. Via de regra, nós evitamos situações em que haja
a possibilidade de sentirmos qualquer possibilidade de dor. Grande
exemplo disso é o altíssimo número de cesáreas eletivas que
ocorrem no Brasil. É tão imenso o medo da dor do parto que nem se
permite a chance de entrar em contato com ele, corre-se para agendar
um procedimento garantindo que essa dor não aconteça. No entanto,
seria a natureza burra ao ponto de nos fazer sentir dor sem motivo
algum?
A
dor de cabeça nos mostra que há algo acontecendo e que precisamos
cuidar disso. A dor do parto nos mostra que chegou a hora do bebê
nascer e que precisamos nos preparar para toda uma nova vida que
teremos daí para adiante. É uma dor vista por muitas pessoas como
um ritual necessário para essa transcendência de mulher para mãe.
E
as dores do coração? Terão qual função?
Será
que elas não nos ensinam quais caminhos e escolhas são benéficos
para nós e quais não?
Será
que ao sentir dor após ter tido determinado comportamento, isso não
pode ser percebido como algo a não se fazer mais?
Será
que ao fazer certa escolha e essa lhe machucar não pode ser
percebida como um alerta de que essa não é a direção?
Será
que então ao invés de negarmos ou lutar com as dores, não faz mais
sentido as usarmos como aliadas, aceitando-as e nos entregando a
elas, podendo assim passar por elas com menos resistência e assim
absorver o que deve ser aprendido?
Quando
lutamos contra a dor ela só aumenta. Quando relaxamos e não a vemos
como inimiga ela se torna mais tranquila de lidar. Passa a não ser
mais algo a ser extirpado, mas sim, vivido.
Não
nos alienemos de nossas dores. Se elas se fazem presentes, precisam
ser observadas e digeridas. Não temos a possibilidade de aprender se
a negamos (bebendo, fugindo, arranjando logo outra pessoa para ocupar
o vazio da anterior etc)
Reflita
sobre isso e quais os possíveis efeitos de aceitar e abraçar algo
que é natural à nossa condição de humanos.
Leia este texto também Via Estelar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário