quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os medos que temos são ilusórios ou reais? Como saber?



“Tudo o que vês é o resultado dos teus pensamentos. Não há nenhuma exceção para este fato... Como um homem pensa, assim ele percebe. Portanto, não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo. A percepção é um resultado e não uma causa.”
Um Curso em Milagres

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Real é o que eu acredito como sendo real, assim como ilusório é o que vejo como tal. Tudo em que eu acredito é real para mim, pois creio que aquilo exista. Só é possível definir o que é real quando se trata da subjetividade de cada um. O que é real para mim, não necessariamente o é para você. Não existe uma realidade única, fixa. Ela é muito mais algo subjetivo do que objetivo.

Explicando o que quero dizer com esses termos é que a realidade que você vê depende unicamente da percepção que você tem do mundo, dos outros e de si mesmo e que é determinada pelos pensamentos provindos das crenças que você tem. Sendo assim, suas crenças determinam sua realidade. Tudo o que você percebe só o é dessa maneira em função do que você acredita. Tirando as questões ligadas a fatos biológicos, como por exemplo, sentir dor ao colocar a mão sobre o fogo, todas as nossas outras percepções são influenciadas por nossos pensamentos e, portanto por nossas crenças.

Eu somente sinto ciúme (medo de que me tirem o meu ser amado), pois tenho uma crença que fundamenta isso, fazendo com que me sinta ameaçada. Sinto ansiedade (medo de algo que pode ocorrer no futuro) porque acredito que alguma coisa ruim possa acontecer. Tenho medo de ladrão, pois creio que ele possa me fazer algum mal ou ameaçar minha vida. Sendo assim, o medo somente existe e é real para nós enquanto acreditamos nele. E é tão grande, quanto o poder que damos a ele.

Não é possível entrarmos em uma discussão do que é real ou ilusório uma vez que, como disse acima, isso é algo subjetivo. Enquanto que para uma pessoa com síndrome do pânico estar em um ambiente fechado e cheio de pessoas é uma situação em que ela sente como ameaçadora de sua vida, para outra não é percebido dessa maneira. Para uma esposa o fato de o marido chegar tarde em casa, pode ser visto como ameaça para o casamento, pois para ela existe o temor de que ele estivesse com outra, e isso pode não ser sentido assim por uma outra cônjuge. Nessas situações, não é possível se dizer que o medo dessas pessoas não é real. Ele o é, é muito. A questão a ser analisada é o que gera esse medo, isso sim é passível de discussão; de se é ilusório ou real, ou em outras palavras: distorcido ou baseado em evidências (fatos).

Enquanto minha crença de que a fonte do meu medo é real, ele o será para mim. A partir do momento em que passo a questionar ou duvidar da crença que me gera o medo, ele passa a ser possivelmente ilusório, ou seja, quando penso na possibilidade de que meu marido possa ter chegado tarde, pois ficou preso no trânsito, crio outro pensamento possível (hipótese) e conseqüentemente meu medo diminui. Quando minha crença não é absoluta, ou seja, abro espaço para outras opções, há a possibilidade de se questionar o medo. Não ele em si, mas sua fonte geradora.

Pensando nisso, somos nós que alimentamos nossos medos e os tornamos tão reais e grandes quanto queremos. Digo “queremos”, pois as crenças são construções nossas. São apanhados de experiências, sensações, percepções, aprendizados, sentimentos, entre outros, que fomos selecionando e agrupando durante nossa história de vida. Escolhendo alguns pontos e negando outros, de maneira a ir montando um quebra-cabeça no qual cada peça foi minuciosamente colocada. Isso ocorre, pois temos controle sobre o que se mantém na nossa mente, ou seja, há os pensamentos automáticos que irrompem e surgem espontaneamente, sem que tenhamos controle sobre seu aparecimento. No entanto, mantê-los, nos identificarmos com eles, concordarmos com eles, acreditarmos neles, isso está sob nosso controle e é decisão e responsabilidade nossa, uma vez que se eles permanecem é porque desejamos que assim o seja. Quando aceitamos um pensamento, sem questioná-lo, pressupondo que este é um fato (e não uma hipótese) esta é uma escolha que fazemos. Por isso, em última instância, somos responsáveis por tudo o que sentimos, inclusive por nossos medos.

Como encará-los? Questionando a si mesmo, ou seja, ao que você acredita como verdade hoje, pois somente assim o que você vê como realidade poderá se modificar.
Este texto pode ser encontrado também em Via Estelar.

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