terça-feira, 21 de setembro de 2010

O ABC da TCC e os pensamentos automáticos



A terapia cognitivo-comportamental (TCC) trabalha com a hipótese de que nossas cognições influenciam nossas emoções que por sua vez influenciam nossos comportamentos e reações fisiológicas. Com base nisso, diferentemente do que muitos acreditam, não são as situações ou acontecimentos que definem como nos sentimos ou como agimos, mas sim a percepção ou interpretação que damos para esses eventos, ou seja, a explicação que por nós é dada.

Essa percepção ou explicação da realidade objetiva provém de pensamentos (também chamados de cognições), os quais dão o tom de como nós vemos as coisas. Sendo assim, nós não nos relacionamos diretamente com a realidade objetiva, mas com a interpretação que fazemos dela.

Essas interpretações surgem em nossas mentes, podendo vir em forma de pensamento ou imagem. São chamados de pensamentos automáticos (P.A.s) e diferentemente dos pensamentos conscientes e voluntários, sobre estes nós não temos controle. Eles vêm e da mesma maneira se vão, sem muitas vezes nos darmos conta deles. Simplesmente, “aparecem em nossas cabeças”, sem ser fruto do desejo ou reflexão e, mesmo que não saibamos de sua existência (pois geralmente são breves e fugazes), influenciam nosso estado de humor e podem causar ou influenciar certas emoções. Por não termos “consciência” de sua existência, geralmente não são questionados e são aceitos como verdadeiros.

A todo momento estamos tendo diferentes tipos de pensamento e quando percebemos alguma alteração de humor, uma nova emoção surgindo, uma reação fisiológica ou ainda uma intenção de emitir um comportamento ou a ação em si, todos esses fenômenos foram fruto do pensamento que se antecipou a eles.

A tabela (ABC) abaixo demonstra essa seqüência de maneira mais visual e didática:

A – Ativador
B - (Beliefs) Pensamentos
C – Conseqüências
Evento ou situação ativadora (gatilho/estímulo)
Pergunta chave: “O que
está passando na minha
cabeça?”
Emoção, reação fisiológica, comportamento

Dessa maneira, se percebermos que diante de uma situação ativadora (A), temos um pensamento automático (B), que gera conseqüências (C), podemos nos fazer uso dessa informação. É justamente isso que a TCC faz logo no início de seu processo. Ela propõe que se monitore (preste-se atenção) sempre que haja alguma mudança no humor ou uma nova emoção, ao que se “acabou de passar pela cabeça” ou, se faça a pergunta: “O que estava passando na minha cabeça ainda agora?”. Este é o início de um processo de mudança cognitivo-comportamental.

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