Um pressuposto na terapia cognitiva é que nossas emoções, comportamentos e reações fisiológicas são consequências de nossas cognições, ou seja, de nossos pensamentos, crenças e portanto, de nossa maneira de pensar. Essa maneira de pensar define como percebemos a nós mesmos, os outros, o mundo e o futuro. Desse modo, as situações as quais experienciamos não determinam como nos sentimos ou como agiremos perante elas, mas sim como percebemos esses eventos, tal como demonstrarei abaixo.
Imaginemos um adolescente que esteja estudando, preparando-se para prestar vestibular e pense: “Sempre fui um bom aluno e tirei boas notas, mas estou prestando medicina na USP” ou ainda uma mulher casada que pense o seguinte sobre o esposo após o mesmo ter esquecido de passar no mercado como ela havia pedido: “Ele é muito dedicado ao nosso relacionamento, mas esqueceu o que pedi”. O que há em comum entra ambas situações? Primeiramente que tanto o adolescente quanto a esposa sentem-se mal após terem esses pensamentos e, em segundo lugar, causador dessas emoções negativas, ambos os pensamentos estão desqualificando o que foi posto anteriormente. Observe:
Situação
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Cognição
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Emoção
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Comportamento
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Estudando para o vestibular em medicina na USP
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“Sempre fui um bom aluno e tirei boas notas, mas estou prestando medicina na USP”
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Desânimo
Tristeza |
Fecha o livro e vai fazer outra coisa
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Marido esqueceu de passar no mercado
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“Ele é muito dedicado ao nosso relacionamento, mas esqueceu o que eu pedi”
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Irritação
Raiva |
Briga com marido quando esse chega em casa
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Veja agora, se mantemos o mesmo conteúdo, mas invertemos as sentenças mantendo a conjunção “mas” entre elas:
Situação
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Cognição
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Emoção
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Comportamento
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Estudando para o vestibular em medicina na USP
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"Estou prestando medicina na USP, mas sempre fui um bom aluno e tirei boas notas”
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Esperança
Motivação |
Empenha-se mais nos estudos
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Marido esqueceu de passar no mercado
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“Ele esqueceu o que eu pedi, mas é muito dedicado ao nosso relacionamento”
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Tranquilidade
Satisfação |
Anota o que precisa ser comprado e vai ao mercado em outro momento.
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É bastante comum que as pessoas façam o que foi descrito acima: peguem uma situação e com ela desqualifiquem uma experiência maior (algo contínuo), sentindo-se mal após a mesma, uma vez que tiram totalmente o valor do que é bom e permanece somente a mensagem do que vem após a conjunção “mas”. Por outro lado, se invertemos a sentença como foi demonstrado acima, o conteúdo não se modifica, mas a informação percebida sim. Com base nisso, porque optar por menosprezar o que é bom? Por que pegar uma situação pontual e desqualificar algo que é mais constante?
O conhecimento traz maior responsabilidade. Após aprender algo, não é possível mais se isentar da responsabilidade da escolha. Diante disso, a partir de hoje, como você optará por perceber as situações? Colocando ênfase no negativo ou no positivo? Como já foi apontado, o conteúdo da informação não se modifica, mas você perceberá que sua emoção e comportamento sim. Que tal fazer uma experiência?
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