quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Ser o melhor

Por Rossandro Klinjey


O melhor do melhor! É assim que nos dias de hoje todos querem ser. Essa ânsia tem tomado a mente de adultos e crianças que não se conformam com algo comum a todos os seres humanos: O LIMITE.

Nós temos limites. E vários! Não somos tudo o que queremos, não temos tudo o que desejamos não nos parecemos com quem gostaríamos. É verdade que alguns desses limites podem e devem ser ultrapassados e para isso devemos usar todos os recursos materiais, emocionais e espirituais para isso, para superar-nos, vencer-nos e sermos melhores. Melhor pai, mãe, esposo(a) melhor profissional, enfim ser mais capaz.

Todavia também é verdade que existem outros tantos limites que simplesmente não são possíveis de vencer, de forma que a resignação diante destes últimos se faz necessária, senão correremos o risco de sentirmos uma insatisfação pessoal insuportável. A grande sacada de nossa vida passa a ser então o saber discernir aquilo que podemos do que não podemos mudar. Nessas horas, a oração do Almirante Hort, muito utilizada nos encontros de Alcoólicos Anônimos, nos inspira: “dai-nos forças, Senhor, para aceitar com serenidade tudo o que não possa ser mudado. Dai-nos coragem para mudar o que pode e deve ser mudado. E dai-nos sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.

Não há como negar o quanto é incômodo para a maioria de nós ter que lidar com nossos limites, porém ao mesmo tempo sãos fartas as evidências, nas pesquisas sobre comportamento humano, que eles são essenciais na formação do nosso caráter.

Aprender a lidar com nossos limites nos deixa serenos, menos ansiosos por ser ou ter. Lidar com eles também nos deixa mais humildes, uma vez que nos permite enxergar o quanto somos iguais aos outros seres humanos, e essa humildade é essencial já que nos ajuda no exercício do auto-descobrimento sem qualquer presunção ou receios, nos capacitando e enfrentar os eventos da vida com tranquilidade e auto-confiança, não extrapolando nem subestimando o próprio valor que temos, sem ter, nem ser problema para nós mesmos.

O velho Freud afirmou certa vez que “seríamos muito melhores se não quiséssemos ser tão bons”.

Se nos aceitássemos como somos, com nossos limites e possibilidades, seríamos mais conscientes de nós mesmos, o que nos permitiria trabalhar-nos sempre, partindo do ponto inicial de nossa realidade emocional, aceitando-se como somos e aprimorando-nos sempre. Dessa forma não seriamos juízes impiedosos de nós mesmos, como também não ficaríamos nos justificando pelo que não conseguimos, apenas nos descobriríamos a cada dia.

Termino com um trecho do poema “Se” do professor Hermógenes:


"Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta."

Sejamos nós mesmos, é o melhor que temos a oferecer ao mundo, pois apesar de nossos limites e graças às nossas possibilidades, somos únicos..

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