A raiva em si não é nem boa nem ruim. Ela precisa ser reconhecida e aceita. E precisa ser processada. O fato de eu ter raiva não me torna especial. Todo o mundo tem raiva.
Porém, você não deve justificar suas ações sob o domínio da raiva vitimizando pessoas à sua volta. Eu posso aceitar a sua raiva, mas tenho o direito de não me tornar vítima dela. Não vitimizar os demais com a sua raiva implica dama, auto-controle.
Você pode falar para sua familia que dentro da sua casa, ninguém mais irá vitimizar os demais por causa da raiva. Você pode dizer 'eu estou com raiva, vou falar com você depois'. Ou, os outros poderão dizer 'você esté com raiva, vou falar depois contigo'.
Você deve dar para às suas crianças e cónjuge o poder de lhe apontar quando você está se deixando dominar pela raiva. Este é o ponto em que o lar torna-se funcional, em que há comunicação honesta. O lar é a melhor academia emocional. A raiva está dentro de todos.
Quando você está dominado pela raiva, poderia dizer então 'eu estou com raiva, vou falar com você depois'. É importante ensinar para as crianças que a raiva não é essencialmente ruim, mas que tampouco é essencialmente má. É como a dor de cabeça. Você quer se livrar dela, mas ela não é nem boa nem ruim em si mesma.
Todos deveríamos compreender que é normal termos raiva. Não é nada anormal se isso acontece conosco. Sejamos honestos. Se é normal ter raiva, também é totalmente equivocado vitimizar os demais por conta da raiva que estamos sentindo.
Controle da raiva significa não tentar fugir dela, mas procurar gerenciá-la da melhor maneira possível. Ocorrências de raiva são normais. Manipulá-la requer muita presença de espírito. Existem varias formas de fazer isso.
Uma delas é escrever o que está acontecendo na hora em que essa emoção estiver se manifestando. Escrever é melhor que digitar. Escreva e depois destrua o papel. Não o guarde. Não é um documento do qual você irá se orgulhar. Escreva a sua raiva.
Assim, se você se dirigir à sua raiva, e escrever sobre ela e para ela, ela estará sendo processada, digerida e neutralizada. Assim, ela perde o poder sobre você. Se for preciso, fale com alguém que possa escutar você. Ou torne-se seu próprio terapeuta e escreva. Isso irá lhe ajudar.
O primeiro processo é dama, controle sobre si mesmo. O segundo processo, escrever, é shama, cultivar a paciência. Não fique se perguntando onde a raiva irá parar. Apenas escreva. Essa é a maneira de lidar com esta emoção: inteligentemente, compassivamente. Seja cuidadoso consigo próprio. Seja compassivo consigo próprio. Seja compreensivo quando a raiva começar a se manifestar.
Texto anotado e traduzido por Pedro Kupfer a partir de uma palestra de Swamiji proferida no Ashram de Rishikesh, em abril de 2007.
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