segunda-feira, 31 de maio de 2010

Entenda a relação entre terapeuta e paciente na terapia cognitivo comportamental


"Sócrates ficou famoso pelo seu lema, “conhece-te a ti mesmo”. Afirmava por exemplo que “sábio é o que sabe que nada sabe” e que o conhecimento da verdade levava as pessoas a serem virtuosas. Baseado nessa ideia, essa técnica procura explorar e conhecer as crenças da pessoa (a respeito de si, dos outros e sobre o mundo), colocando-as em dúvida através do questionamento e desafiando-as através das evidências (fatos reais)"

A Terapia Cognitivo Comportamental é tida por psiquiatras e outros especialistas da área da saúde mental, como bastante efetiva, uma vez que trata os sintomas dos pacientes e ainda previne recaídas, além de obter resultados rápidos.
Para o sucesso desse modelo, o relacionamento estabelecido entre psicoterapeuta e cliente tem papel fundamental, de tal modo a determinar o êxito ou fracasso do processo de terapia.

Aaron Beck (clique aqui), em seu manual de tratamento inicial, dedicou um capítulo específico ao relacionamento terapêutico positivo, incluindo fatores como: calor humano, empatia, genuinidade, confiança e rapport (diálogo interno produtivo). Isso demonstra a importância dos terapeutas cognitivos serem capazes de formar e manter relacionamentos terapêuticos positivos com seus pacientes.


Além dos pontos citados acima, que servem de base para qualquer processo terapêutico que visa ser bem sucedido, existem ainda outros três que são essências para o bom resultado da TCC, sendo esses: colaboração, descoberta guiada e estrutura.


Na TCC, terapeuta e cliente trabalham juntos como uma equipe, conjuntamente escolhendo metas terapêuticas, construindo uma conceituação adequada de seus problemas e desenvolvendo planos para mudança. Essa abordagem requer que ambos sejam ativos e interativos dentro do relacionamento terapêutico. Visa que ambos deem e recebam feedbacks entre si. O paciente também deve ser ativo fora da sessão como um observador (de si mesmo e do ambiente), um repórter de experiências (relatando o que foi vivenciado) e um experimentador (testando as hipóteses levantadas e praticando os exercícios combinados).


Descoberta guiada


A descoberta guiada é o processo de aprendizagem primária em terapia cognitiva. Os psicoterapeutas dirigem a descoberta tanto verbalmente, através do questionamento socrático, quanto através da experiência, auxiliando os clientes a planejar experimentos os quais serão conduzidos dentro e fora da sessão (ensaio mental, ensaio dramático e realidade). Ambas as formas, visam o autoconhecimento. O método do questionamento socrático possui esse nome em homenagem ao filósofo grego Sócrates (470-399 a.C.), o qual colocava em dúvida crenças arraigadas dos seus contemporâneos.


Sócrates ficou famoso pelo seu lema, “conhece-te a ti mesmo”. Afirmava por exemplo que “sábio é o que sabe que nada sabe” e que o conhecimento da verdade levava as pessoas a serem virtuosas. Baseado nessa ideia, essa técnica procura explorar e conhecer as crenças da pessoa (a respeito de si, dos outros e sobre o mundo), colocando-as em dúvida através do questionamento e desafiando-as através das evidências (fatos reais). O resultado esperado é alcançar explicações alternativas, criando novas possibilidades de enxergar e interpretar os eventos. Busca-se confrontar a forma de pensar não racional através do raciocínio lógico.

Os experimentos conduzidos nas sessões visam promover confiança e um espaço para prática, antes de testar as novas possibilidades no mundo real. O ensaio mental é como o próprio nome diz um ensaio imaginário dessa nova opção. O sujeito visualiza o evento e se vê vivenciando essa nova situação, podendo modelar seus comportamentos e o ambiente de acordo com seus desejos. Já o ensaio dramático, é uma representação da realidade que será vivida no mundo exterior, mas praticada em um ambiente seguro, como o psicoterapeuta. Paciente e terapeuta simulam o evento e através disso o cliente pode praticar numa situação um pouco mais próxima da realidade. O próximo passo e fazer o teste da nova possibilidade, fora da sessão. Com os ensaios anteriores, o paciente sente-se mais seguro e preparado para esse desafio.

As sessões de TCC são estruturadas, ou seja, possuem um formato e um padrão de como ocorrerem. A estrutura visa promover segurança, constância, familiaridade e certo controle para o paciente. O relacionamento entre o terapeuta e cliente dá-se assim dentro de um molde o qual facilita a interação entre ambos e a atitude ativa do paciente.

O relacionamento terapêutico positivo e importante para qualquer psicoterapia correr bem. Já na TCC esse é base para o próprio processo e até parte fundamental do mesmo, sendo ele umas das peças chaves para ocorrerem as mudanças, pois é utilizado como veículo e facilitador para as mesmas.

Este texto pode ser encontrado também em
Via Estelar.

3 comentários:

  1. Muito legal o texto!
    Estou no momento estudando sobre a TCC... e a curiosidade fluora a cada momento mais.

    ;*****

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  2. OLÁ THAÍS, VC TERIA ALGO MAIS FOCADO EM TRANSTORNO DO PÃNICO? COMO TÉCNICAS E OU DIREÇÕES PARA MELHOR APLICABILIDADE JUNTO AO PACIENTE? OBRIGADA E PARABÉNS PELO BELO TEXTO!

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    1. No transtorno do pânico precisamos trabalhar muito a descastrofização dos pensamentos e aumentar a resposta de enfrentamento da pessoa. Exercícios de relaxamento ajudam nisso. A respiração diafragmatica é um deles: http://psicologa-thaispetroff.blogspot.com.br/2012/02/respiracao-diafragmatica.html?m=1

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