quarta-feira, 29 de maio de 2013

A dor física e o sofrimento emocional

por Rafael Zen 
Já escrevi num artigo anterior: a dor é obrigatória, mas o sofrimento é opcional. Hoje vou buscar separar uma coisa de outra.
É interessante saber que apesar dos méritos da ciência moderna, mecanismos aparentemente simples do nosso corpo, como a dor, ainda são um mistério. Sabe-se que em nosso cérebro existe uma área responsável por receber a informação do desconforto corporal e que estas mensagens transitam através do sistema nervoso. E só!
A dor é um mecanismo necessário à manutenção da vida.  Já pensou quais as consequências de se cortar o dedo e não saber o que aconteceu? Há alguns anos soube do caso de uma menina inglesa que não sentia dor, chegava muitas vezes a quebrar ossos e não sabia disso. Era um transtorno para a família, mas os médicos nada conseguiram fazer.
Mas o curioso disso é:
1 – a região cerebral da dor fica imediatamente ao lado da parte responsável pelo recebimento de estímulos de prazer (o que reforça o conhecimento ancestral que diz que a dor e o prazer são extremos de uma mesma coisa); e
2 – embora o cérebro seja o receptor do sinal (porque afinal de contas é ele quem controla toda a nossa máquina), onde exatamente a dor acontece ainda é um mistério!
Resumindo: dor é um mecanismo orgânico que põe nosso sistema em estado de alerta sobre algo que não está normal, um desconforto “aparentemente” corporal. Digo aparentemente porque, novamente, nem tudo é o que parece: existem vários estudos que mostram que anestesias podem ser substituídas por hipnose com total sucesso, seja num dentista ou numa cirurgia, inclusive este procedimento já foi testado num ambulatório do SUS. É de nos fazer questionar nossos paradigmas, não?
Este tipo de experimento mostra que a matéria pode ser controlada através de percepções e informações mentais. Assim como um hipnotizador competente pode “desligar” a dor, por exemplo, é possível plantar em sua mente a idéia de que uma cebola na verdade é uma deliciosa maçã – e o hipnotizado mastiga a “suposta” suculenta e ardida cebola e exclama: hum, que delícia de fruta! Compreendeu? Nem tudo é o que parece, e tudo nada mais é do que como percebemos nosso mundo.
Mas quando falamos em sofrimento estamos nos referindo a algo completamente diferente, pois a origem são estados emocionais negativos e equivocados. Por ser algo que se processa internamente (e, teoricamente, algo sobre o qual temos controle) ele é opcional. Sofremos quando perdemos dinheiro, quando ouvimos palavras duras, quando não temos aquilo que desejamos, quando somos abandonados ou acreditamos que não somos amados… Enfim, quando existe um estado de insatisfação e nosso pequeno ego se sinta contrariado, mesmo que estejamos bem alimentados e em boas condições de saúde, imediatamente sentimos desconforto em nosso corpo!
Perceba a simbiose que existe entre eles, e até uma inversão de papéis: sofrimento é sempre a origem de muitas dores e males corporais (sabe quando sua raiva descontrolada gera uma gastrite?); mas a dor não é a causa de sofrimento – Diagnosticada com um câncer no intestino em 2005, a bióloga pernambucana Marta Gomes Rodrigues, 59 anos, teve de se submeter a diversas sessões de quimioterapia. Com a reincidência da doença pela quarta vez, ela decidiu aliar ao tratamento a prática da meditação. “Os efeitos colaterais dos medicamentos diminuíram e as náuseas acabaram”, diz (Revista Istoé – 27.02.2010)
Estes estados incorretos, em geral deixados pra segundo plano porque acreditamos ser desnecessário gastar nosso precioso tempo com “bobagens”, sempre foram reconhecidos no oriente como fonte de nossos males, mas somente há poucos anos estão sendo constatados por pesquisadores sérios nos países ocidentais através do advento da psicologia – e isso tem apenas 50 anos!
O fator determinante, mais uma vez, são nossas interpretações e percepções, os valor que damos aos acontecimentos externos de nossa vida. Parece um conceito simples, mas é um mecanismo determinante para tudo que fazemos, e o principal divisor de aguas entre o amor e o egocentrismo, felicidade e inconsciência, liberdade e escravidão emocional.
E é justamente este o problema: supervalorizamos coisas inúteis, e deixamos de lado pontos importantes. Já parou por alguns minutos por dia pra ouvir a tagarelice em sua mente? Então fica a primeira dica: aprenda a se ouvir, e vai perceber que boa parte daquilo em que acredita não passa de um pensamento e, como tal, pode ser modificado.

terça-feira, 28 de maio de 2013

A dor é obrigatória – mas o sofrimento é opcional!

por Rafael Zen 


Se você está passando por um mau pedaço, talvez o texto abaixo possa te ajudar.
Mas para compreendê-lo melhor é preciso querer enxergar a verdade. Portanto, baixe a guarda e encaixote suas crenças.
Pra começar, entenda que nosso mundo é regido por leis (assim como a gravidade) – nem sempre visíveis a olho nu, mas perceptíveis através dos resultados em nossa vida. Você pode não acreditar nelas, mas isso não impede você de se machucar ao pular de um prédio! Lembre-se que muitas vezes o absurdo de uma época é completamente aceito em outra: até 500 anos atrás nosso mundo era plano e considerado o centro do universo… Compreender as leis da vida é a melhor maneira de seguir o fluxo da maré ao invés de remar contra ela.
Vivemos num universo-espelho. Tudo que vemos com nossos olhos físicos não são mais do que o resultado de algo mais profundo. Profissão, relacionamentos, prosperidade e saúde são apenas resultados. Para modificar resultados precisamos sempre iniciar pela origem: dentro, em nossos pensamentos e emoções.
Observe a natureza (sempre nossa melhor referência): assim como as raízes invisíveis sustentam uma árvore, nosso mundo externo é sustentado pelo invisível (mas muito palpável) mundo interior. Adube as raízes e os frutos aparecem!
Perceba que dentro de um mesmo ambiente (em casa, escola ou trabalho) existem pessoas com os mais diversos estados interiores: alegria, tristeza, tédio… mas se o ambiente é o mesmo qual é o diferencial? Muitos operários são mais felizes do que alguns empresários – dinheiro, portanto, continua sendo apenas outro resultado.
Não gosta do que vê? Bem, não se colhe maçãs de uma laranjeira!
“Tal como o homem pensa em seu coração, assim ele é”
Projetamos nossas debilidades no próximo. Vivemos em um mundo de projeções, e em função do nosso próprio nível de consciência, costumamos enxergar nas pessoas nossos próprios erros e defeitos. É fácil de entender:
Você é crítico? Quem você critica? O que você critica? Observe-se com muita atenção e vai encontrar em suas palavras aspectos muito escondidos de sua própria personalidade. Condenamos nos outros aquilo que não aceitamos em nós mesmos. E esta é a melhor forma de nosso ego despistar nossos erros e de nos iludirmos mais um pouco tentando passar por melhor.
Crítica é fruto da intolerância e da falta de autoconhecimento. Apontar as falhas nos demais é apontar para dentro de si mesmo
Quer um conselho? Comece a elogiar. Se você enxerga apenas defeitos no mundo, talvez não tenha nenhuma virtude dentro de você!
“Não resistais ao mal” (outra frase bíblica) – em outras palavras: aceite!  Se algo em sua vida não está como você gostaria, não tem jeito, alguma coisa está acontecendo em suas raízes. Negar por quê? A dor não erra de endereço e a aceitação é o primeiro passo para uma mudança verdadeira.
Aprenda com as artes marciais: use a força do seu oponente contra ele mesmo – neste caso, permita que a energia da aceitação te ilumine na dissolução do erro. Resistir cria conflitos e estes, mais erros e mais sofrimento (que é opcional…).
Vou dar um exemplo: seu gato quebrou seu vaso de flores favorito ou o trânsito te atrasa para uma reunião importante e você “arranca os cabelos” de raiva. Resolveu? Solucionou o problema? Você está se sentindo melhor ou fez o mundo melhor com esta atitude?
Encontre sempre a beleza das coisas. Em seguida, lubrifique suas emoções: abençoe a tudo. Dizem que ao ver que a fábrica de seu pai pegava fogo, o filho de Thomas Edson correu desesperado ao encontrou do pai – que observava extasiado a fogueira: “Filho, olha só que maravilha…”
Viva o presente a cada segundo. Porque o momento do agora se chama “presente”? Porque este é o maior presente de Deus em nossas vidas: o eterno agora. Viva cada segundo como se não houvesse amanhã, e aprenda a ser grato por ele. Viver desta forma nos permite fazer tudo com amor – e sem que precisemos falar nada, começamos a atrair boas circunstâncias em nossa vida. Qual será o segredo?
O corpo sempre diz a verdade, escute-o com carinho! Embora a medicina moderna tenha seus méritos, ainda tem muito a aprender com as tradicionais.
Doença é sinal de desequilíbrio, é o grito de socorro da alma – outro resultado em nossa vida!
Você sabia que cerca de 1/3 de todos os males do mundo são curados através do chamado “efeito placebo ou cura espontânea”?
E que os medicamentos químicos já são a primeira causa de mortes nos EUA?
É de fazer a gente pensar, não?
Assuma totalmente a responsabilidade pela sua vida. A cegueira da idade média já passou e você ainda acredita num “deus” carrasco e vingativo? Somos todos 100% responsáveis por tudo que acontece ao nosso redor. Desde um resfriado até um acidente, tudo são projeções do subconsciente.  Atraímos aquilo que pensamos.
“Nós somos do tecido de que são feitos nossos sonhos”.
Nosso corpo, entre outras coisas, é um potente ímã que atrai as circunstâncias. Podem ser medidos nele fenômenos de calor e eletricidade – portanto, também carrega magnetismo. E isto explica, entre outras coisas, a Lei da Atração.
Lembre-se de que o Universo está o tempo inteiro conspirando a nosso favor. Porque essa é a natureza do cosmos: o caminho mais fácil! Se você ainda não percebeu isto, comece a revisar seus conceitos. Um mundo cheio de oportunidade para uns e dissonante para outros não lhe parece um tanto estranho? Mais uma vez, o problema é o “mundo” ou “você”??? A água sempre desce a montanha…
Ação e reação – Você chuta uma parede, quebra seu pé e ainda reclama dos tijolos? A física já conseguiu comprovar esta lei há muito tempo, porque então não transportá-la para nossa vida?
Jamais se sinta vítima de injustiças. Mesmo que você não entenda os porquês, saiba que a causa está dentro de você – SEMPRE!
“Deus não joga dados!”
Como se pode perceber, o fato de ignorar estes princípios básicos não nos isenta de cumpri-los. Até pouco tempo atrás eu costumava dizer que nascemos sem manual, mas hoje revisei meus conceitos: há muitos sinais pelo mundo pra dizermos “eu não sabia” – outra atitude vitimista. Basta não resistir – e se entregar…
E se ainda assim estiver difícil de resolver algum problema, procure um bom terapeuta: as técnicas energéticas conseguem fazer verdadeiros milagres diariamente.

domingo, 26 de maio de 2013

Cultivando a Árvore-Paciência



por Patanga Cordeiro
Estive em viagem de fim de ano em San Diego, na Califórnia, para passar duas semanas com meus amigos do Centro Sri Chinmoy. Entre diversas coisas, durante a inauguração da exposição de arte de Sri Chinmoy no saguão da prefeitura da cidade, Ranjana Ghose, curadora da arte Jharna-Kala de Sri Chinmoy, recitou um poema de Sri Chinmoy. Eu não anotei na hora, mas poema diz algo no seguinte sentido: O que cresce entre a árvore-fracasso e a árvore sucesso de nossas vidas é a árvore-paciência.
Muitas vezes consideramos a paciência como algo fraco, débil – a nossa última opção após não alcançarmos algo da forma esperada. Ou então a manipulamos como uma desculpa para deixar de fazer algo em vista.
Sri Chinmoy fala sobra a paciência:
“O que é a paciência? É uma certeza interior do Amor sem reservas e Orientação incondicional de Deus. A paciência é o Poder de Deus oculto em nós, para superarmos as abundantes tempestades da vida.”
Songs Of The Soul, Agni Press, 1971.
“A paciência é uma árvore que cresce dentro de nós e não produz apenas um fruto, mas quatro: sabedoria, alegria, paz e vitória. Paciência requer energia, assim como a cooperação do corpo, vital e mente. Sem paciência, a mente funciona de forma automática, como uma máquina. Ela se move por compulsão, não por escolha. Ela é inquieta – corre para lá e para cá. O corpo pode ser inerte, mas a mente está sempre vagando. Por isso, não pode existir paz sem paciência. …”
Meditação e concentração são formas de ensinar à mente como focar sua energia para um objetivo, ao inves de ficar “sempre vagando”. Ele continua:
“Paciência não é inércia. Inércia é uma forma negativa e destrutiva de abordar a Verdade. É estagnada, e aquilo que é estagnado por fim leva à destruição. Mas a paciência é dinâmica – ela sempre segue em frente, em direção à meta. A paciência possui o movimento contínuo de crescimento e está sempre acompanhada pela paz. Essa paz nunca pode ser confundida com inércia, que é sempre acompanhada por inquietação.”
Illumination-Fruits, Agni Press, 1974.
Vejam como é interessante! Inércia é acompanhada por inquietação (imaginemo-nos deitados na cama, sem fazer nada, sacudindo os pés ou pensando em coisas fúteis.) Paciência é dinâmica e leva à paz. Imaginemo-nos realizando um projeto certeiro, superando dificuldades no tempo certo e colhendo os frutos da ação: não o sucesso, mas a paz.


Para saber mais, visite o site http://www.meditacaosp.com/.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Frases eficazes para sair do piloto automático e ser você mesmo

"No início os pensamentos automáticos negativos ainda virão com bastante frequência mas, ao percebê-los, optar voluntariamente para perceber a situação sob outro aspecto, fará com que pouco a pouco eles diminuam a frequência"Percebo que a cada dia as exigências para o fazer o ter aumentam mais e mais.
Em contrapartida o ser, parece ficar em segundo plano. Há uma cobrança por ser o (a) melhor e o resultado muitas vezes são inúmeras preocupações quanto a não atingir esse patamar, gerando sofrimento (medo, ansiedade, tristeza) em diversas situações e comportamentos como: vícios, trabalhar demasiadamente, automedicar-se, etc.

Não há problema algum em desejar melhorar. No entanto, se nos prendemos a isso, podemos acabar nos alienando de nós mesmos, de nossos valores pessoais, de nossas verdades, de estarmos realmente em contato com quem somos. Entramos em um automatismo de preencher praticamente todos os momentos de nosso dia com inúmeras tarefas, em cumprir com nossas obrigações, bem como buscar suprir as expectativas das pessoas à nossa volta.
Parece que estamos em uma corrida contra o tempo e às vezes até contra nós mesmos, pois independente de estarmos doentes, cansados, tristes ainda, assim precisamos cumprir um "check list" de coisas, caso contrário, nos sentiremos mal conosco, como se não tivéssemos feito o suficiente. Buscamos demonstrar que sempre está tudo bem e dificilmente mostramos aos outros, e também a nós mesmos, quem realmente somos.

A partir disso, acredito que as perguntas abaixo auxiliem e facilitem uma reflexão sobre como se dá atualmente sua atitude perante a vida e você mesmo:

- Quem foi que me disse que eu sou ruim e que não acerto sempre?

- Quando aprendi que não dar para o outro o que ele precisa é porque não sou bom/boa o suficiente para isso?

- Por que me fechar é a estratégia preferida do que mostrar minha vulnerabilidade?

- Autodepreciação funciona melhor do que admitir que tenho limites?

Quando seguimos pensando que não somos adequados, que somos incapazes, que precisamos nos proteger das pessoas, que precisamos sempre performar; transformamos esses pensamentos numa espécie de mantra repetido diariamente e assim passamos a fazer uma lavagem cerebral negativa em nós mesmos. O resultado não poder ser outro, ficaremos deprimidos, ansiosos e com baixa autoestima.
Já que podemos emanar diariamente pensamentos negativos, podemos também optar por perceber as coisas de outra maneira e ter pensamentos mais positivos.
No início os pensamentos automáticos negativos ainda virão com bastante frequência mas, ao percebê-los, optar voluntariamente para perceber a situação sob outro aspecto, fará com que pouco a pouco eles diminuam a frequência e esse exercício se tornará cada vez mais fácil.

Seguem algumas sugestões de pensamentos alternativos que são mais funcionais, nos colocam em acordo com a realidade, bem como com nosso processo de crescimento e desenvolvimento:

- Percebo que estou em um processo, o passo que dou hoje me faz avançar e estar um pouco melhor do que ontem.

- Não me sinto culpado (a) por não atingir as expectativas dos outros, que na verdade não existem; só existem dentro de mim mesmo (a).

- Não dá para ser bom em tudo, ser 100% em tudo.

- Faço as coisas não mais porque os outros vão me achar bom (a) ou legal, mas porque quero fazê-las.

- Parabéns pelo meu esforço. Consegui isso em função dele.

- Quando coloco as expectativas muito altas, passo a me exigir demais e recorro ao perfeccionismo. A consequência será sofrimento.

Todas essas frases e muitas outras podem ser criadas e nos fazem perceber o quanto muitas vezes somos desleais conosco e que podemos ser mais colaboradores, caso percebamos as situações sob uma ótica mais ampla e global.

Reflexões sobre as frases acima

Quando estamos dando respostas certas, já estamos em uma zona de conforto. Quando damos respostas erradas, é porque estamos nos desafiando, estamos aprendendo.
Penso ainda que aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos, uma vez que quando acertamos muitas vezes, nem pensamos mais sobre aquilo. Já quando erramos, temos a oportunidade de destrinchar a situação e nossa atitude como um todo, ou seja, o que pensamos naquele momento, como nos sentimos e que comportamento tivemos. A partir disso, podemos fazer uma análise do que houve para então testar outras possibilidades em situações futuras.

Outro ponto importante é ressaltarmos o passo-a-passo para se alcançar algo, ao invés de focarmos somente em nossas capacidades inatas.
Em nossa cultura é comum ouvirmos as mães dizendo aos filhos quando, por exemplo, tiram notas boas: "Parabéns! É muito inteligente", ao passo que há relatos que na China as mães, nessa mesma situação, dizem aos seus filhos: "Parabéns pelo seu esforço. Você mereceu sua conquista".
A mensagem que fica nessa segunda fala é: "Preciso me esforçar para obter bons resultados", diferentemente da primeira que subentende: "Não preciso me esforçar para ter bons resultados, o que sou já basta".
O risco disso é que quando as notas começam a não ficar tão boas, a criança além de não saber o que fazer para resolver o problema, começa a pensar que não é mais inteligente. Desse modo o que a princípio era um reforço positivo, torna-se uma armadilha.

Como utilizar isso na prática?

Na TCC, para lidarmos com situações novas ou difíceis, muitas vezes orienta-se o paciente para construir cartões de enfrentamento; que são nada mais do que pequenos cartões (como os de visita, por exemplo) nos quais se escreve frases de efeito para si mesmo (a) de acordo com a situação que se irá enfrentar ou ainda outras mais gerais para diversos momentos. Pode-se escrever algumas das frases acima, bem como outras como:

- Quando sou gentil com os outros, me sinto feliz.

- Poderei usar aquele biquíni bonito no final do ano se eu continuar com a reeducação alimentar.

- Fico orgulhoso (a) de mim quando estudo um pouco diariamente.

- Cada dia é uma oportunidade para fazer as coisas de modo diferente.

- Se eu não juntar dinheiro, não poderei fazer aquela viagem que tanto quero.

Perceba que todas essas frases subentendem que há um esforço, dentro de um processo para se atingir algo, seja por prazer ou pela dor. Será que esse ponto de vista não gera mais aprendizado e desenvolvimento de nossas capacidades do que acertar sempre ou pensar que somos incapazes?

Leia este texto também em Via Estelar.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Medo pode cegar visão sobre a realidade e paralisar a vida


Será que nos privamos de possíveis novos prazeres, conhecimentos, relacionamentos e crescimento, pois ficamos presos aos nossos medos? 
"Percepção distorcida da realidade pode levar à privação de abrir-se para situações diferentes. A própria mente faz a pessoa enclausurar-se diante da vida"O medo é uma emoção presente na vida de todas as pessoas. Essa emoção é natural e saudável, pois nos protege de perigos, que se ignorados, poderiam nos fazer perder a vida.
Por outro lado, quando essa emoção é excessiva, passa a ser prejudicial e pode nos levar à estagnação.


Há um desenho animado chamado "Os Croods" que demonstra muito bem essa questão. Apesar de ser um filme infantil e em uma época muito distante da nossa, ele nos mostra de forma análoga como nos comportamos em alguns momentos diante de nossas crenças e aprendizados da infância. Temos algumas ideias como certas e podemos nunca nos permitir questioná-las (já que foi "papai e mamãe" que nos ensinaram) ou ainda sentimos aquilo como verdade, e portanto, acreditamos que seja.

Assim como no desenho citado acima, no mito da caverna de Platão também os homens nasceram e foram criados conhecendo somente uma verdade: a segurança daquele mundo em que viviam (a caverna) e o que era contado a respeito "dos perigos do mundo lá fora".

Na alegoria da caverna, os homens nasceram dentro dessa e encontravam-se acorrentados, virados de frente para a parede e de costas para uma brecha que permitia a luz entrar. Desse modo, viam refletidas na parede as sombras de outros homens que passavam do lado de fora e acendiam fogueiras, bem como sons, os quais eram associados às sombras. Viam criaturas disformes e muito grandes e, diante disso, sentiam muito medo de ir lá fora. Se privavam de conhecer o novo em função das distorções que faziam. Isso os mantinha enclausurados ali; não só pelas correntes, mas também (e talvez principalmente) pelas suas mentes.
Será que fazemos a mesma coisa em alguns momentos, não nos permitindo entrar em contato e/ou enfrentar situações diferentes das que estamos acostumados?

Será que nos privamos de possíveis novos prazeres, conhecimentos, relacionamentos e crescimento, pois ficamos presos aos nossos medos?

Reflita se pode haver um mundo muito mais bonito lá fora e você está se mantendo preso dentro de uma caverna escura.

Leia este texto também em Via Estelar.

O que seria um bom relacionamento amoroso nesse mundo tão individualista?

"Como ficam então os relacionamentos amorosos diante disso, uma vez que são duas pessoas envolvidas e cada uma interessada em seu próprio bem-estar?"
Crescemos ouvindo histórias de contos de fadas nas quais geralmente há um príncipe e uma princesa (ou personagens semelhantes a esses), os quais passam por situações difíceis e lutam com vilões para no final casarem-se e viverem felizes para sempre.

Os contos nos mostram a relação do casal enquanto há algo que os mantêm separados. Mas... e quando eles finalmente ficam juntos? Se pudéssemos saber da história dos cônjuges após o "fim" dos livros, como ela seria?

Inúmeros pacientes em momentos do seu processo terapêutico queixam-se de dificuldades em seus relacionamentos amorosos, bem como recebo e-mails relatando a mesma situação e conheço também pessoas do meu convívio social no mesmo contexto. Diante disso já me fiz muitas vezes a mesma pergunta:
- O que é um bom relacionamento amoroso?

Acompanhando a história percebo que mais ou menos até a década de 70, havia muito menos divórcios do que há atualmente. Isso demonstra que os casais eram mais felizes? Que eles se amavam mais? Talvez tenhamos que ampliar nosso olhar para responder essas perguntas.

Antigamente valorizava-se mais a estabilidade, a segurança e a dedicação. Atualmente, os valores humanos estão mais voltados para sucesso pessoal e profissional, acúmulo de capital e rapidez nas coisas. Não é à toa que nos tornamos mais competitivos e individualistas. Estamos muito preocupados com a busca pela felicidade e retirando de nosso caminho qualquer situação que não contribua prontamente com esse objetivo.

Desse modo vemos que há muita rotatividade nos empregos e também nos relacionamentos. Nos questionamos se aquilo nos deixa alegres e, caso não o faça, procuramos rapidamente alguma outra coisa.

O "ficar" é um fenômeno relativamente recente e um exemplo disso. Através dele, temos a chance de experimentar estar com uma ou mais pessoas em um grau grande de intimidade (física pelo menos) em um curto espaço de tempo, podendo a qualquer momento desvencilhar-se dessa relação. Percebe-se assim que temos muito mais oportunidades de vivenciar diferentes experiências mas, isso não parece nos tornar mais felizes. O que está acontecendo então?

Percebo que há uma grande valorização em relação ao bem-estar pessoal e a urgência de que as coisas ocorram rapidamente. A princípio, isso não é necessariamente ruim. No entanto, o que vejo é que acabamos tendo muito menos tolerância à frustração do que as gerações anteriores. Isso faz com que desenvolvamos uma dinâmica de que precisamos ser atendidos e, caso isso não ocorra como queremos, descartamos aquilo que nos frustra e buscamos rapidamente alguma outra coisa para ocupar esse espaço.

Como ficam então os relacionamentos amorosos diante disso, uma vez que são duas pessoas envolvidas e cada uma interessada em seu próprio bem-estar?

Não me recordo de nenhum relacionamento em que não haja conflitos, discussões, discordâncias, brigas, etc...

Desse modo podemos concluir que os relacionamentos amorosos não são situações saudáveis?

As relações amorosas seriam um empecilho para o desenvolvimento pessoal?

Penso que talvez justamente essa percepção que cause tantas perturbações nos relacionamentos. Quando vemos o outro como um trampolim para a nossa felicidade ou como um obstáculo a ela, podemos ter a certeza de que haverá problemas. Ninguém foi feito para atender a demanda do outro, bem como nós também não nos encaixamos perfeitamente nos desejos do que o outro idealiza.

Se a ideia que norteia a busca por uma relação amorosa for a de encontrar alguém que se adeque exatamente aos critérios estabelecidos, fatalmente essa busca falhará, pois príncipes e princesas encantados, que proporcionem finais felizes, só existem mesmo nos contos de fadas.

Somos todos humanos com predisposição a errarmos, além de termos históricos de vida com experiências, educação, famílias, amigos etc... muito diferentes uns dos outros.

Dessa maneira após a paixão, todos seremos percebidos com nossas falhas e diferenças e, se a única força que mantinha o casal junto era a paixão, o relacionamento findará. Por outro lado, se houver a intenção da construção de algo mais sólido, o intuito de lidar com as dificuldades que aparecerem, a vontade de insistir frente aos possíveis problemas, o desejo de fazer as coisas darem certo, aí sim estaremos falando de amor e da possibilidade de uma relação duradoura. Para isso, paciência, tolerância, flexibilidade, dedicação, compartilhamento, abertura e confiança são só alguns dos pontos essenciais que devem estar presentes diariamente em um relacionamento amoroso.

Uma postura egoísta ou individualista não combina com uma relação amorosa. Não é o amor que mantém as atitudes em um relacionamento, mas sim as atitudes que mantêm o amor.

Leia este texto também em Via Estelar.