segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Dar bronca na criança sem afetar a autoestima é possível

"Generalizar atitudes ou rotular a criança é prejudicial"

Muitas pessoas que tem filhos se questionam sobre como educar os mesmos. Educar é tarefa dos pais e dos mais próximos da criança, é diferente do papel da escola: o de fornecer conhecimento.

Para isso é importante que os pais se questionem sobre seu comportamento para com os filhos e também frente a eles, pois as experiências que eles registrarem na infância serão extremamente relevantes para o restante de suas vidas, já que contribuirão para a formação de suas crenças positivas e negativas.

Cada família é uma família diferente e por isso não é possível generalizar maneiras de educar que sirvam sempre para todos. No entanto, há informações que podem ser úteis, já que são percebidas de modo bastante parecido pela maioria das pessoas.

Como dar uma bronca de modo eficaz e adequado?

É possível dar uma bronca sem causar estragos na autoestima da criança?

Sim, é viável fazer isso atentando-se para alguns detalhes. O objetivo da bronca é demonstrar para a criança o que ela fez de errado para que não repita mais esse comportamento. Para isso é necessário descrever para a criança qual o comportamento em questão para que ela saiba que a crítica é em relação ao comportamento e não para ela como um todo.

Alguns exemplos:

- João não bata na sua irmã porque isso machuca. Ou ainda de modo positivo: - João, quando você bate na sua irmã isso a machuca.

- Helena gritar é feio. Ao invés de: - Helena, feia! ou - Que feia!

Generalizar atitudes ou rotular a criança é prejudicial

O que é prejudicial para autoestima é generalizarmos: "você sempre faz isso"; ou rotularmos: "seu bagunceiro", porque isso passa a ideia de que há algo errado com a criança e não com seu comportamento.

Criticar em particular e elogiar em público

Outro ponto importante é a questão das críticas e elogios. Os elogios reforçam os comportamentos que devem ser repetidos, pois são benéficos e fazê-los em público é ainda mais reforçador. A ideia é também descrever o comportamento positivo e elogiá-lo.

Já quando queremos extinguir algum comportamento, ou seja, desejamos que ele não ocorra mais, devemos criticar o comportamento (não a criança como um todo) em particular e não na frente de outras pessoas pois, do contrário, isso expõe a criança e faz com que ela se sinta humilhada.


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Raiva, introspecção e agressividade estão interligadas

"... quanto mais entramos em contato com nossa essência amorosa, mais estamos vulneráveis a sentir as dores emocionais..." 

Na essência somos todos amor. 

Como então passamos a ter problemas em demonstrá-lo e também entrar em contato com essa nossa parte? 

Que experiências podem ter influenciado essas questões? 

Como se dá nosso funcionamento interno para explicar nossa maneira de perceber, processar e demonstrar as emoções?

Há algo a ser feito que possa modificar nossas atitudes: maneira de perceber, sentir e se comportar?



Buscarei de modo breve e objetivo esclarecer esses pontos.

Um bebê é só amorosidade, no entanto, dependendo das experiências que tem, de como está essa mãe com ele (principalmente até os dois anos, pois é com quem ele tem mais ligação; (posteriormente a relação com o pai e outros seres que o circundam), ele poderá experienciar dor (toda criança irá vivenciar alguma dor), mas, se essa dor se tornar constante, ele poderá começar a se afastar em demasia de sua essência (que o torna vulnerável à dor) e, por instinto de sobrevivência psíquica, se refugiar usando como defesa a raiva.

Raiva: introspecção e proteção

Pessoas raivosas são aquelas que precisaram por algum motivo se fechar para se proteger e, lutando para isso, adquiriram como modus operandi se defender sendo agressivas. Há ainda aquelas que também sofreram dores mas, acabaram se rendendo, por vezes anestesiando suas dores e consequentemente, sua amorosidade, para se proteger de maus tratos; outros se resignam aceitando as dores que lhe são causadas mantendo sua amorosidade e se tornando pessoas muito sensíveis às dores emocionais.

Um bebê é "poroso"; chega-se fácil ao seu amor, do mesmo modo que é fácil lhe causar dor emocional. Portanto, necessariamente, quanto mais entramos em contato com nossa essência amorosa, mais estamos vulneráveis a sentir as dores emocionais e vice-versa.

Carência e compulsão

Quando somos crianças precisamos imensamente do amor e aprovação principalmente de nossa mãe. Como ficam "buracos emocionais", continuamos buscando esse amor de mãe até o fim da vida, demonstrando carência ou adentrando em comportamentos compulsivos com por exemplo: comida, jogo, sexo, cigarro, álcool etc. No entanto, esses "buracos" não poderão nunca mais serem tampados, pois foram formados junto com nossa estrutura de personalidade (são parte intrínseca de quem somos). Somente através da conscientização e reconhecimento de nosso estado e nossas questões, é que se faz possível sair de um modus operandi automatizado e, inúmeras vezes disfuncional, para um em que tenhamos comportamentos mais saudáveis e com resultados mais benéficos para nós.

O caminho é aceitar que não precisamos mais daquela mesma forma de amor e aprovação do passado, pois agora não somos mais aquela criança que precisa da validação dos pais. E assim podemos lidar com as situações de modo menos reativo (fazer algo automaticamente pela maneira como nós sentimos) e mais focado no que é bom para nós (não em agradar os outros ou ficar evitando comportarmos que possam desagradá-los).


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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Como expor um problema ao parceiro?

"A melhor maneira de resolver problemas é conversar sobre eles." 

Todos os casais têm problemas, o que difere se eles conseguirão ficar juntos é o modo como os resolvem e também como lidam com suas diferenças. 

Há casais que quando surge alguma divergência ou algo que incomoda se afastam um do outro e não falam sobre o ocorrido. Há outros que discutem e "resolvem" a discussão ficando sem se falar ou ainda sempre indo o mesmo lado se desculpar. Ou seja, é sempre a mesma pessoa que vai atrás para tentar resolver a situação.


Com o tempo isso vai desgastando a relação e, "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"; ou seja, às vezes se chega a um resultado que não tem mais volta.

A melhor maneira de resolver problemas é conversar sobre eles. Explane ao outro de forma assertiva - nunca agressiva - o que aconteceu e como está se sentindo frente ao comportamento do outro.

Isso não deve ser utilizado como uma acusação, mas como uma maneira de deixar o outro saber o que está se passando com você, já que ninguém faz leitura mental.

De modo geral, as mulheres tendem a falar mais de suas emoções e, muitas vezes, querem conversar para falar sobre elas. Homens por outro lado, tendem a ser mais objetivos. Falam sobre fatos e conversam no intuito de encontrar solução para as coisas.

Desse modo, é comum a mulher achar que seu companheiro não se importa com seus sentimentos pois, ao conversar com ele, contando como está se sentindo, ele tende a responder com alguma ideia para resolver a questão. Já o homem pode compartilhar querendo auxílio com alguma solução e ficar frustrado com a pouca objetividade da conversa.

Como expor um problema ao parceiro?

Uma forma de facilitar a conversa entre ambos e não causar frustrações, é deixar claro ao iniciar a conversa o que se está querendo com ela. Ex. "Eu preciso desabafar, contar como estou me sentindo. Quero somente que me escute e me ampare" ou "Preciso encontrar uma solução para esse problema e gostaria de sua ajuda para pensar nisso junto comigo". Com essa abordagem, a chance de ruídos na comunicação diminui bastante.

Fique atento à comunicação em seu relacionamento. Quanto menos ela estiver acontecendo, maior a chance de um rompimento no futuro.


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Saia do "quadrado", veja outros ângulos e busque a solução do problema

"Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos." 
Albert Einstein


Quantas e quantas vezes gastamos tempo, palavras, neurônios e energia nos debruçando sobre um problema. 

Ficamos horas, dias, às vezes semanas e até meses pensando e falando sobre uma mesma questão que nos assola.

Já parou para refletir se pelo menos parte de todo esse investimento feito sobre o problema fosse utilizado para a solução?


Pode parecer algo óbvio, mas, se fosse, a maioria de nós não se dedicaria tanto a ficar dando voltas e voltas em torno de um problema.

Poucas pessoas foram educadas e incentivadas a manter seu foco nas resoluções e não no problema. Muitos aprenderam (até pelo exemplo dos próprios pais e outros adultos) que quando surge alguma dificuldade, fica-se pensando e pensando sobre a mesma. Essa é a forma que é demonstrada e reforçada, de repetidamente, olhar para o problema e falar sobre ele, como se isso facilitasse sua solução.

O que resolve o problema é justamente sair dele e encontrar uma solução. Não é possível encontrar uma solução com a cabeça ocupada com o problema em si. A solução só pode vir quando você se propõe a olhar a situação sob outra perspectiva. Desse modo você precisa, primeiro, compreender qual o problema, mas depois se libertar dele, para só então poder ver além do mesmo (do espaço-problema) e assim poder chegar a algum resultado diferente. Você só perceberá o que há em volta, para possivelmente encontrar um caminho, se seus olhos estiverem livres para olhar em outras direções.

Para isso, pratique entender o que se passa e então se questione no que fazer para resolver essa questão. Converse com as pessoas não sobre o problema (deixando de lado desabafos e reclamações), mas sim sobre o que está pensando em fazer para lidar com ele e peça feedbacks, bem como outras percepções com seus ângulos diversos.

Aprenda a ser mais resolutivo e aproveite melhor seu tempo e sua energia, deixando de desperdiçá-los em atitudes que não trarão resultados diferentes. Não se permita ter uma vida pequena, pense além, vá além. Saia do "quadrado".



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Sua vida é insignificante ou repleta de significados?

"De tempos em tempos, é preciso tirar alguns momentos para reavaliar a vida"


Você já parou para pensar o que realmente é importante para você em sua vida? Aquilo que te faz muito bem quando você faz ou dedica algum tempo. Aquilo que você realmente se esforça em conseguir. Aquilo que te traz bem-estar, realização, paz de espírito. Aquilo que você deseja, almeja, sonha.

Quanto tempo do seu dia ou da sua semana você gasta fazendo coisas que pouco te agregam ou ainda coisas que para você tem pouco ou nenhum valor?

Quanto você se esforça em fazer coisas por que são importantes para os outros, para agradá-los?


Já parou para pensar o que você está construindo na sua vida?

Em que sua vida está se transformando ou que caminho está seguindo?


Se parar para refletir um pouco, gosta do que vê? Isso te faz bem? Te agrada?

Não podemos reclamar de nossa vida se somos nós que decidimos como ela é e será. Você colhe o que planta. Por isso escolha as sementes que quer plantar, já que não pode colher laranjas se plantou alfaces.

Tire alguns momentos de tempos em tempos para reavaliar como está sua vida. Para verificar o que lhe é importante e avalie o quanto isso ocupa sua vida. Se o seu gráfico de divisão de tempo é ocupado muito mais por coisas que não lhe são importantes ou que não te trarão resultados, que suprirão seus valores pessoais, então se faz urgente uma reavaliação.

O que é uma vida insignificante?

Não permita-se ter uma vida insignificante, repleta de coisas que pouco lhe tem importância. Seja coerente com aquilo que alimenta sua alma, seu coração. Verifique sua bússola interna, se ela está te guiando para onde você realmente quer ir. Senão, ajuste-a, e tenha uma boa vida.

Lembre-se, quando você estiver no fim da mesma e olhar para trás, ficará em paz e realizado ou arrependido pelos passos que deu?"


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Aceitar nossos limites traz sensação de alívio

"Aceitar limites não é se acomodar..."

Todos nós temos limites. Eles obviamente são diferentes para cada pessoa, já que temos facilidades e dificuldades para fazer determinadas coisas, de acordo com nossa genética, estímulos que tivemos durante a vida, exemplos, pelas experiências que passamos, nossa personalidade etc.

O que há de comum é que com certeza ninguém pode ser bom em tudo, como também não há quem seja ruim em tudo.

Quando ficamos nos cobrando com relação a algo, sentimos como que um peso o tempo todo, como se devêssemos algo. A partir do momento que aceitamos que temos limitações há um alivio, pois compreendemos que no momento podemos ir somente até determinado ponto, e deixamos de ficar o tempo todo nos cobrando algo.

Aceitar nossos limites não é se acomodar, mas sim deixar de ficar nos puxando de um lado para outro como um cabo de guerra e ficar sofrendo com isso. É entender que há determinadas coisas que estão fora de nosso alcance e que talvez nunca possamos controlar, e outras que nesse momento não podemos mudar.

Essa sapiência só acontece a partir do autoconhecimento; por isso se questione, reflita e seja honesto consigo mesmo com o que realmente não depende de você ou que você não pode fazer além do que já faz; e o que ainda pode se esforçar mais.

Siga a linha de pensamento da oração da serenidade: "Concedei-me Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras."


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domingo, 26 de outubro de 2014

Texto de William Shakespeare

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E comeca a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quao boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa - por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Medo ajuda a não termos comportamentos impulsivos

"Sentir medo nem sempre é sinal de que há algo ruim ou errado"


Você já parou para pensar em qual é a função do medo? Para que ele serve?

Quantas vezes por dia você pronuncia a palavra medo?

Quantas vezes o medo te impede de fazer coisas?


Quantas vezes você já tomou decisões baseado no medo?

Quantas vezes já ficou paralisado em função dele e deixou de viver algo que gostaria?

Você já parou para pensar quem controla quem?

Vamos compreender um pouco mais o que é o medo e como podemos utilizá-lo a nosso favor e não contra nós.

O medo é algo presente não só na vida dos seres humanos, mas também dos animais. Diante do medo nosso organismo libera adrenalina, o hormônio que dá sustentação para ações como "bater ou correr".

Os animais, diante do medo, emitem três possíveis comportamentos de acordo com a percepção que eles têm da situação: atacar, paralisar-se (fingir-se de morto) ou fugir.

Dessa maneira, os próprios animais irracionais utilizam o medo para avaliar o contexto e, diante de sua percepção sobre o medo, terão uma reação diferente.

Se nós somos considerados animais racionais, por que então agir sempre do mesmo modo independente da situação que se apresenta?

Utilize o medo como um farol amarelo

O medo não deve servir como um farol vermelho para te travar diante de todas as situações ou ainda te afastar das mesmas, mas sim, como um farol amarelo, onde você deve parar, observar, raciocinar e então agir. Ele nos ajuda a não termos comportamentos impulsivos.

Sentir medo nem sempre é sinal de que há algo errado ou ruim. Às vezes pode ser algo novo e diferente e, por ser desconhecido, pode assustar. O medo pode também aparecer diante de eventos que você julga não ser capaz de enfrentar ou lidar (percebendo em decorrência disso a situação como sendo de risco ou ameaçadora). Enfim, há inúmeras possibilidades de "leituras" que podem ser feitas da realidade e que podem nos causar medo.

A questão aí é: a vida não para. Se você ficar parado, ela irá passar por você e, quando se der conta, você já terá deixado passar diversas oportunidades que podem nunca mais voltar.


Use o medo como um lembrete para parar por alguns momentos (como um farol amarelo) e refletir. E, então aja. Se ele será um conselheiro ou seu pior inimigo é você quem decide.


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Ser feliz é muito mais uma questão de escolha

"... não se faz necessário precisarmos de problemas maiores para só então valorizarmos a vida que temos"

Era uma vez, em um pequeno vilarejo, um homem que morava com sua família. Mas o homem sentia-se completamente infeliz. Reclamava de tudo e de todos. Queixava-se de inúmeros problemas. Ora implicava com os filhos, ora a casa que era pequena demais, a esposa que não era boa o suficiente... Nada o satisfazia.

Um dia, cansado de tanto sofrer, resolveu procurar o sábio da aldeia e pedir o seu conselho.

Contou sua história para o sábio que então lhe disse:

- Vai, meu filho, compre um bode e o coloque dentro de sua casa e me procure daqui um mês.

O homem se surpreendeu com aquilo, mas resolveu acatar o conselho.

Passado o período de um mês, o homem voltou a procurar o sábio e lhe disse que estava mais infeliz ainda, que tinha mais problemas agora com sua casa suja, barulhenta, com menos espaço e mal cheirosa. Perguntou ao sábio o que deveria fazer. E o sábio lhe disse:

- Vá, tire o bode de sua casa e me procure daqui um mês.

E ele assim fez. Sentiu tanto alívio por se ver livre do animal que passou a ver tudo diferente; a partir daquele dia se tornou um novo homem. Começou a descobrir e a valorizar tantas coisas que sempre tinham estado à sua volta das quais ele sequer tinha percebido a existência.

Conto essa parábola para trazer a reflexão do quanto muitas vezes reclamamos das coisas, estamos insatisfeitos, maldizemos a vida, ficamos de mau humor, sendo que temos somente problemas corriqueiros para resolver.

Só passamos a enxergar e valorizar isso quando realmente aparece algo sério. No entanto, não é necessário termos problemas maiores para só então valorizarmos a vida que temos. Podemos trabalhar nossa consciência, percepção e estarmos acordados para enxergar sem exageros o que realmente se apresenta a nós. Ser feliz é muito mais uma questão de escolha do que de situação.


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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Deveríamos utilizar a dor como aliada

"É tão imenso o medo da dor do parto que nem se permite a chance de entrar em contato com ele..."

Dor é algo que a maior parte dos seres vivos sente. Há alguns que por questões de anomalias genéticas não sentem dor, o que pode lhes gerar sérios problemas com relação à sua vida e sobrevivência. Posto por esse ângulo, dor tem função.

Por que então nós rechaçamos tão fortemente a dor? Ela não será uma reação natural de nosso organismo frente a algo que ele percebe?

Vamos entender uma pouco mais sobre a dor. Há dores físicas, há dores fantasma (percebidas por pessoas em membros que foram amputados), há dores emocionais. Via de regra, nós evitamos situações em que haja a possibilidade de sentirmos qualquer possibilidade de dor. Grande exemplo disso é o altíssimo número de cesáreas eletivas que ocorrem no Brasil. É tão imenso o medo da dor do parto que nem se permite a chance de entrar em contato com ele, corre-se para agendar um procedimento garantindo que essa dor não aconteça. No entanto, seria a natureza burra ao ponto de nos fazer sentir dor sem motivo algum?

A dor de cabeça nos mostra que há algo acontecendo e que precisamos cuidar disso. A dor do parto nos mostra que chegou a hora do bebê nascer e que precisamos nos preparar para toda uma nova vida que teremos daí para adiante. É uma dor vista por muitas pessoas como um ritual necessário para essa transcendência de mulher para mãe.

E as dores do coração? Terão qual função?

Será que elas não nos ensinam quais caminhos e escolhas são benéficos para nós e quais não?

Será que ao sentir dor após ter tido determinado comportamento, isso não pode ser percebido como algo a não se fazer mais?

Será que ao fazer certa escolha e essa lhe machucar não pode ser percebida como um alerta de que essa não é a direção?

Será que então ao invés de negarmos ou lutar com as dores, não faz mais sentido as usarmos como aliadas, aceitando-as e nos entregando a elas, podendo assim passar por elas com menos resistência e assim absorver o que deve ser aprendido?

Quando lutamos contra a dor ela só aumenta. Quando relaxamos e não a vemos como inimiga ela se torna mais tranquila de lidar. Passa a não ser mais algo a ser extirpado, mas sim, vivido.

Não nos alienemos de nossas dores. Se elas se fazem presentes, precisam ser observadas e digeridas. Não temos a possibilidade de aprender se a negamos (bebendo, fugindo, arranjando logo outra pessoa para ocupar o vazio da anterior etc)


Reflita sobre isso e quais os possíveis efeitos de aceitar e abraçar algo que é natural à nossa condição de humanos.

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domingo, 10 de agosto de 2014

Você toma as rédeas sobre sua vida ou age passivamente?

"A vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo, observe o que está emitindo” Buda

Quantas e quantas vezes estamos insatisfeitos com a nossa vida: com relacionamentos que temos, com situações pelas quais estamos passando, por eventos que acontecem. E o mais comum nesses momentos, é reclamarmos e culpabilizarmos o externo pelo que está ocorrendo. 

Desse modo, ficamos estagnados, de mãos atadas, sem a possibilidade de nada fazer. Quando nos permitimos entrar nesse contexto, não há chance alguma de mudança, a não ser que ela venha de fora mas, não temos controle algum sobre isso.


Sempre que algo acontece em nossa vida, algum grau de responsabilidade temos sobre isso. Seja por que fizemos ou deixamos de fazer alguma coisa. Dessa maneira, se a sua relação amorosa não está boa, no que você está contribuindo para isso? Se o seu trabalho não está satisfatório ou as relações que estabelece no mesmo não estão agradáveis, o que está fazendo que influencia isso? Ou ainda, por que ainda está lá? Se a sua vida social não está fluindo... que comportamentos está tendo para facilitar que isso ocorra?

Quando nos fazemos essas perguntas, mudamos a nossa percepção girando nosso foco de fora para dentro e aí toma-se o controle sobre a situação. Não estou com isso dizendo que tudo que acontece conosco ou em nossa vida é responsabilidade nossa. O que estou dizendo é que sempre temos algum grau de contribuição e, portanto, de escolha. Se algo não está satisfatório, você pode buscar identificar o que está fazendo e, identificando o que pode estar contribuindo para esse contexto, mudar, ao invés de ficar culpabilizando o externo.

Isso te torna mais senhor(a) de sua própria vida, faz com que a tome em suas mãos ao invés de ficar na postura de vítima ou gastando energia reclamando. Permite também fazer mudanças antes que as situações fiquem insustentáveis ou ainda que outros façam as mudanças por você e, nem sempre, essas sendo para a direção que você gostaria.

Quando nos apropriamos de nos mesmos, tomamos consciência de nossas ações no mundo, passamos a ter maior controle sobre nossas vidas e tornamo-nos autores das mesmas e não meros coadjuvantes. Assim, se não está gostando de algo, reflita sobre o que depende de você para fazer com que seja diferente. Opte por ser agente ativo ao invés de agente passivo. Compreenda que para cada ação há uma reação e, desse modo, sua vida é reflexo do que você faz.

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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Quanto mais bem-sucedida, maior a dificuldade de arrumar um companheiro

"O desafio agora é: retomar a receptividade e sensibilidade do feminino"


É cada vez mais comum ouvirmos falar em divórcios e casamentos desfeitos, bem como em inúmeras dificuldades nos relacionamentos amorosos. Dentre as mulheres, muitas sozinhas, com o mesmo discurso comum de "não encontro o homem certo". 

Afinal, o que está acontecendo?

Obviamente não serei leviana em querer encontrar uma única explicação para esse cenário. São diversas mudanças que ocorreram ao longo dos anos, as quais trouxeram ganhos por um lado mas, perdas por outro, dentre elas: libertação sexual, o "ficar", aumento do individualismo (com diminuição da valorização do coletivo e da família) etc. Nesse texto irei me ater a mudança nas crenças e comportamentos das mulheres.

A maioria de meus pacientes é constituído por mulheres, desse modo posso dizer que tenho uma amostra significativa do que se passa com elas nos dias atuais. Muitas estão solteiras e, parte das que estão em um relacionamento, estão insatisfeitas. 

Percebo mulheres capazes, independentes e bem-sucedidas se queixando da falta de um companheiro que as acompanhe. Quando digo "acompanhe" me refiro ao crescimento profissional, aos ganhos financeiros, na autonomia quanto às suas coisas pessoais: morar sozinha, cuidar do seu espaço...

As mulheres de modo geral, tiveram muitas conquistas recentemente mas, não na área amorosa; parece que esse quadro piora na medida em que a mulher se torna mais bem-sucedida e autônoma. Além da tendência de muitas mulheres perceberem diversos homens como "fracos", uma vez que diferente desses, conseguem assumir uma postura multitarefa com êxito (ser profissional, dar conta de uma casa - mesmo que muitas vezes contratando uma secretaria do lar, sustentar-se, ser mãe, etc), acabam dessa maneira não "precisando" de um outro e, diante disso, passam a se virar sozinhas. Isso influencia a parte emocional, de modo que essas mulheres se fecham para a vulnerabilidade e intimidade emocional. Assim, os relacionamentos não têm como acontecer.

As mulheres mudaram o cenário de suas próprias vidas e de uma sociedade mas, estão pagando um preço bastante alto pelas suas conquistas. Talvez na tentativa de se equiparar aos homens, tenham se saído tão bem, que se tornaram também mais racionais e renegaram sua parte mais sensível.

O desafio agora é: retomar a receptividade e sensibilidade do feminino (pedindo e aceitando ajuda, permitindo-se se envolver, podendo ser frágil) sem abrir totalmente mão da autonomia e independência.

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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Energia da raiva pode ser utilizada para construir

"A raiva por si só não é ruim e nem boa, assim como qualquer outra emoção. Bom ou ruim é o que fazemos com ela"


As emoções são importantes atributos que temos e que, além de nos permitirem nos relacionarmos com coisas, pessoas e situações (são elas que motivam nossos comportamentos) também são termômetros de como as percebemos. Sem as emoções, nosso funcionamento e respostas seriam muito diferentes.

Uma das emoções muito mal "compreendida" é a raiva. Ela é vista por muitos como algo ruim e prejudicial.

A raiva por si só não é ruim e nem boa, assim como qualquer outra emoção. Bom ou ruim é o que fazemos com ela. Podemos utilizar a energia que ela gera (que é muita) para destruir ou construir. Por exemplo, para praticar uma atividade física, fazer uma faxina ou sovar uma massa de pão. Enfim, qualquer atividade que requeira mais energia, que seja mais vigorosa, assim como é com a raiva.

Quando se tem consciência do que gerou uma determinada emoção e se relaciona melhor com esse conteúdo, passa-se então a não sofrer tanto pela emoção resultante, seja ela de tristeza, medo ou raiva, porque aceita-se essa emoção ao invés de brigar com ela.

Meu conhecimento e experiência me mostram que muitas vezes a raiva pode ser uma forma de defesa contra o medo que se sente frente a uma situação, mas que não se percebe. O que acaba se percebendo é somente o que se vê diante disso: uma reação de agressividade. Isso abre uma oportunidade de perceber a raiva de outra maneira: uma tentativa de se proteger (bem como as reações instintivas dos animais quando percebem perigo - fogem ou atacam).

O que devemos nos perguntar é: "O que estamos temendo?", "Há realmente uma ameaça ou nós que interpretamos a intenção da pessoa desse modo?"

É possível que através desses questionamentos percebamos que fazemos diversas distorções cognitivas (veja aqui) em contextos que não necessariamente há uma ameaça mas, por percebermos desse modo, sofremos.

Reveja suas reações agressivas, perceba quando a raiva aparece, reflita se há a percepção de ameaça e você está respondendo "eriçando os pelos e colocando as garras de fora"; veja se há realmente necessidade disso contra essa pessoa ou se há o medo da vulnerabilidade e, para evitar isso, ataca.


Aproveite as situações para se conhecer e poder trabalhar sobre elas.


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domingo, 13 de julho de 2014

Todo sonho realizado sempre traz um ônus

"Bônus vindo de um sonho conquistado não apaga seu ônus e, pensar dessa forma, é receita para frustração"


Inúmeras pessoas buscam ter sucesso na vida: ascender a um determinado cargo, ganhar "x" por mês, ocupar uma posição social de destaque etc.

A maioria pensa em todos os ganhos que terá conquistando isso mas... poucos pensam no que perderão.

É muito comum as pessoas sonharem ou estabelecerem metas de coisas que querem alcançar. Ficam imaginando como será quando chegarem a determinado ponto, traçando objetivos, planejando os passos, organizando o que deverá ser feito. Tudo isso é muito positivo, e é esse o caminho para se fazer mudanças ou para se fazer novas conquistas.

No entanto, é difícil quem pense no que terá que abrir mão quando chegar a esse outro lugar. Quando se alcança um cargo de presidente, se tem muito menos tempo livre, não se conta hora extra, há muito mais obrigações, cobranças, responsabilidades. Quando se tem um filho, você passa a viver para outro ser. O tempo para se dedicar a outras coisas, que não o filho, fica escasso; sair com os amigos ou para algum programa de lazer fica muito mais complicado. Há muitas noites maldormidas etc. Ou seja, tudo tem o seu preço. Há coisas boas, mas também coisas ruins.

Quando não levamos em conta os ônus que virão junto com os bônus, podemos nos decepcionar muito com essa conquista ou ainda não conseguir mantê-la (por exemplo: desistir dela). Isso não tem a ver com não apreciar o que se conseguiu, mas sim, de não "bancar" o pacote todo.

Muitas vezes quando estou atendendo meus pacientes e esses estão contando sobre algo novo que querem fazer ou sobre algo que querem alcançar pergunto-lhes: "Você banca isso?"
Juntos, analisamos não só o que virá de bom, mas também as perdas que ocorrerão e, escolhendo seguir nessa direção, como então lidar com elas, de modo a se adaptar da melhor maneira possível.

Com base nisso, sonhe o que quiser sonhar, planeje maneiras de conquistar suas metas, trace estratégias necessárias para isso, mas analise também os pontos que terá de abrir mão e se "banca" isso.
Não se iluda pensando que haverá somente coisas boas ou que as boas "apagarão" as ruins, pois isso é receita certa para frustração e até para não "bancar" as conquistas feitas.

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Por que é tão difícil para muita gente dizer não?


"Será que é possível sermos assertivos e ainda assim sermos amados?"

É muito comum quando chega um novo paciente no consultório ele ter como uma das questões a se resolver o problema de colocar limites para as outras pessoas, dizer não. Outros vêm com o objetivo de serem mais assertivos o que inclui conseguir dizer para as outras pessoas quando não está gostando de algo, que um determinado comportamento de alguém lhe faz mal etc. 

De qualquer modo, o ponto em comum é o mesmo: medo de desagradar.


Muitos de nós fomos criados ouvindo frases como: "mamãe não gosta que você faça isso" ou "papai vai ficar triste se você agir assim" ou ainda "você é feio porque bateu na sua irmã". Todas elas passam a mesma mensagem, de que "quando eu faço determinada coisa eu desagrado pessoas que são muito importantes para mim ou de que sou uma pessoa ruim". De qualquer forma, o resultado esperado é o mesmo: "perder o afeto das pessoas que amo". Isso para uma criança é quase uma questão de sobrevivência.

Quando adultos podemos saber conscientemente que mesmo que alguém se chateie conosco ou até que se afaste, que sobreviveremos mas, mesmo assim, tememos essas situações e fazemos de tudo para nos esquivar delas, inclusive passar por cima de nós mesmos.

Quantas vezes você não quis emprestar dinheiro para alguém, porque já havia tido a experiência de não receber de volta, mas mesmo assim acabou concordando?

Quantas vezes você quis fazer algo mas, por saber que alguém importante para você ficaria chateado ou com ciúmes acabou por não fazer?

Quantas vezes alguém te pediu algo e mesmo você não querendo ou não podendo fazer acabou cedendo?

Pergunte-se: o que te levou a ter esse comportamento?

O que você temia que acontecesse caso dissesse "não" ou expressasse como se sentia diante daquele contexto?

No fundo, temos medo de sermos rejeitados, deixados de ser amados, queridos e, para que esse grande mal não aconteça, fazemos coisas que não queremos. Entretanto, você se lembra de alguma experiência na qual tenha colocado algum limite e, ainda assim, não ter sido rejeitado(a)? De que a pessoa envolvida ainda continuasse te dedicando afeto? O que essa situação te faz pensar? Será que é possível sermos assertivos e ainda assim sermos amados?

Há um outro ponto também a ser levado em conta: como você se sente quando faz algo somente para não desagradar outra pessoa?

Como você fica com relação a essa pessoa? Como fica a relação de vocês? Vale a pena deixar as coisas assim pelo possível risco de desagradá-la?

Medo de ser rejeitado por dizer não geralmente é infundado

Quando passamos a refletir sobre as situações nas quais nos esquivamos de sermos assertivos percebemos inúmeras vezes que nossos medos são infundados e que ficamos ainda mais infelizes por passarmos por cima de nós do que com a possibilidade (já que muitas vezes não há prova) do outro se chatear conosco.

O que ocorre é que estamos reproduzindo situações de nosso passado onde nossos pais ao invés de nos conscientizar da consequências de nossas ações e deixar que escolhêssemos, acabavam colocando em xeque o amor que sentiam por nós. Hoje, adultos, revivemos esse mesmo sentimento com outras pessoas que nos sejam importantes. A maneira de sair desse ciclo é questionando-se diante de eventos os quais nos causem medo de nos colocarmos e tomarmos consciência do que realmente está se passando naquele momento. Assim seremos movidos pelo nosso lado adulto e não por nossa "criança interna assustada" a qual inclusive passará a se sentir mais segura conforme for tendo provas de que ela sobrevive as possíveis rejeições (que realmente poderão acontecer) e que muitas vezes não deixará de ser amada.

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domingo, 8 de junho de 2014

Você vive mais no passado ou no futuro? Descubra

Há uma frase de Buda que diz: "O segredo da saúde, mental e corporal está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas... viver sabia e seriamente o presente".



Isso não é absolutamente fácil para a maior parte das pessoas. Se formos conversar com alguém e prestarmos atenção ao discurso do nosso interlocutor, perceberemos que há uma probabilidade grande de ele estar falando ou sobre coisas que podem ocorrer no futuro e "pré-ocupações" ou sobre coisas que já aconteceram e se lamentando e/ou reclamando.


Dificilmente alguém fala do momento presente: do que está fazendo, do que está sentindo, de dificuldades que tem etc.

Como a fala é resultado do que está passando na cabeça da pessoa e, o que pensamos influencia como nos sentimos e nossos comportamentos, então podemos concluir que todo o funcionamento da pessoa estará alinhado e respondendo ao contexto em que ela escolhe se colocar (passado, presente ou futuro).

A treinadora e praticante master em programação neurolinguística Junia Bretas demonstra isso nesta frase: "Depressão é excesso de passado em nossas mentes. Ansiedade excesso de futuro. O momento presente é a chave para a cura de todos os males mentais".

Com base nisso, você já se perguntou em que momento vive?

Se está preso ao passado, se queixando sobre ele, saudoso do que já foi, culpando-se por algo que tenha feito? E consequentemente triste, às vezes sem forças ou apático, choroso e até com depressão. Ou, de repente, se já está sempre se antecipando, perguntado-se a todo momento "E SE isso acontecer?", "E SE aquilo não der certo?", "E SE...", "pré-ocupando-se" e pensando repetidamente em como resolver os problemas que ainda nem chegaram? E, diante disso, apresentando uma respiração curta e rápida, taquicardia, tensões e dores musculares, agitação física e mental e possivelmente com algum transtorno ansioso como crise de pânico, transtorno de ansiedade generalizada etc.

Percebe o quanto suas escolhas influenciam e até determinam sua saúde e bem-estar? O porquê de viver no presente é tão importante e não somente uma frase-chavão. Por que práticas como ioga, relaxamento e meditação são cada vez mais recomendadas?

Não é difícil se perder do momento presente e ir parar no passado ou futuro, principalmente na realidade em que a maioria de nos vive hoje de muita correria, cobrança, coisas para fazer, estímulos por todo lado, competitividade, altas metas, prazos curtos etc.


Mas, quanto mais nos alienarmos e entrarmos no automático, mais doentes, insatisfeitos e infelizes ficaremos. Fiquemos atentos, acordados de para onde estamos levando nossas vidas e, tomemos as rédeas das mesmas, nos condicionando sozinhos ou com auxilio de conhecidos (familiares, amigos, cônjuges) ou profissionais (psicoterapeutas, coachs, dentre outros) a vivermos mais no presente.

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Criticar em particular e elogiar em público são ações motivacionais

"A maioria de nós sente-se mal ao receber uma crítica, pois compreende-a direcionada a si e não para algo que tenha feito"


Muito se fala em empresas a respeito de motivação. Promovem-se palestras e workshops com esse intuito e chega-se a investir boas somas nisso. Mas às vezes ocorrem pequenos comportamentos no dia a dia, que podem minar todo esse investimento.

Uma situação que tem ligação direta com a motivação (ou desmotivação) e, não só em um ambiente corporativo, é o contexto que é escolhido para se fazer um elogio, bem como uma crítica.

Você já foi elogiado em público, frente a outras pessoas? Como se sentiu? E já foi criticado em um ambiente com outras pessoas presentes? Como isso te afetou?
Críticas e elogios são ambos importantes e necessários. Elogiar somente, impede que se conserte o que está errado ou não funcionando tão bem. Criticar somente, mina a autoestima de qualquer um.

Como então balancear essas duas estratégias de modo que elas sejam eficazes?

Critique em particular e elogie em público

Há uma dica que pode ser utilizada sempre sem medo de errar: criticar sempre em particular; elogiar sempre em grupo. Com essa fórmula não haverá problemas do ponto de vista motivacional.
A maioria de nós sente-se mal ao receber uma crítica, pois compreende-a direcionada a si e não para algo que tenha feito. Se isso for feito na frente de outras pessoas esse efeito se potencializa ainda mais e, ao invés da pessoa procurar melhorar, ela ficará triste, desanimada e até revoltada; podendo se sentir humilhada e exposta. Por esse motivo as críticas têm melhor efeito feitas de modo privativo e direcionada aos comportamentos em especifico a serem modificados, utilizando-se exemplos para ilustrar (ao invés de falar de modo geral). Ex. "Não chegue em cima da hora nas nossas reuniões de equipe, como ocorreu na última sexta-feira" ao invés de "Você sempre chega atrasado nas nossas reuniões de equipe".
Já os elogios são potencializados quando feitos na frente de outras pessoas. Sentimo-nos bem com esse tipo de exposição, valorizados. Desse modo temos vontade de repetir os mesmos comportamentos para sermos novamente reforçados da mesma maneira.

Feedback sanduíche

Além disso, há também uma outra estratégia que pode ser utilizada do ponto de vista motivacional que auxilia no recebimento de críticas e mudança de comportamentos que não estão sendo eficazes. Essa estratégia é chamada de feedback sanduíche. Ela consiste em iniciar o discurso dizendo algo positivo que a pessoa tenha feito, depois relatar o comportamento a ser modificado e terminar a conversa falando alguma outra coisa positiva que a pessoa tenha feito. Essa técnica baixa a resistência as críticas e mantém a motivação gerada pelo elogio.

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domingo, 27 de abril de 2014

Sentimento de culpa pode levar pais a superproteger os filhos

"Não trate seu filho como incapaz"

Não é incomum vermos pais superprotegendo ou subestimando a capacidade de seus filhos. Buscam fazer tudo por eles ou ainda impedir que passem por dificuldade nas coisas que precisam fazer.

Esse comportamento é demasiado ruim para os filhos, pois crescem com a percepção de que são incapazes de fazer determinadas coisas e assim constroem uma crença de incapacidade.

Muitas vezes, com a melhor das intenções, há pais que impedem seus filhos de se arriscarem ao vê-los tentarem fazer por si mesmos algumas coisas ou ainda lhes dão tudo nas mãos, sem permitir que façam esforço. Isso além de criar indivíduos mimados, ainda é demasiadamente ruim para a autoestima, uma vez que não terão a possibilidade de tentar e errar em um ambiente protegido, podendo então rever seu comportamento e ajustá-lo. Assim se tornarão pessoas inseguras, descrentes de suas competências e, com isso, apresentarão dificuldades e sofrimento na adolescência e na vida adulta.

Esse comportamento dos pais pode ocorrer por culpa, por exemplo, por acharem que não estão dedicando tempo suficiente para os seus filhos, a qual é compensada com a superproteção ou realmente por acharem que os filhos não sejam capazes de se virarem sozinhos.

Não estou propondo de modo algum que os pais "larguem" seus filhos mas, sim, que percebam e investiguem o que é esperado de uma criança da idade do seu filho e o estimule a ter essa ações às vezes com ajuda, mas também posteriormente, sozinho. Para a criança, ser incentivada a fazer algo por seus pais e sentir o suporte dos mesmos, caso algo dê errado, é de extrema importância para a formação de crenças positivas e, consequentemente de uma autoestima elevada.

Coisas simples como dever de casa, amarrar os tênis, vestir-se sozinho, colocar a mesa, preparar algum alimento... fazem parte desse repertório e precisam ser incentivados e apoiados.

Tenho relatos de inúmeros pacientes que são bastante protegidos por seus pais, ou ainda cobrados em demasia mas, não incentivados, o que resultou em diversas inseguranças, questionamentos sobre sua competência, baixa autoestima e até depressão.

Devemos cuidar de nossos filhos mas, cuidar quer dizer também soltá-los no mundo para que percebam até onde podem ir; do contrário, nunca se sentirão aptos para caminharem com suas próprias pernas, tornando-se adultos frágeis e, em alguns casos, com pouca capacidade de resolução de problemas e até de geração de resultados.

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quarta-feira, 26 de março de 2014

Viver novas experiências nos aproxima da realidade

"Permita-se vivenciar o diferente..."

Em TCC (terapia cognitivo-comportamental) trabalha-se muito com a parte cognitiva, ou seja, em identificar os pensamentos e crenças negativos e desafiá-los.

Esse desafio se dá tanto por um questionamento levando a novas maneiras de perceber o contexto, quanto também, por testar novos comportamentos em situações nas quais há uma previsão negativa e, diante disso, fazer avaliações e constatações do resultado.

Desse modo, é muito importante que independente de estar ou não em processo terapêutico, se tenha o hábito de experienciar.

- Quantas vezes pensamos algo negativo e isso nos impede de fazer algo que gostaríamos?

- Será que se fôssemos testar a validade desse pensamento através de termos o comportamento desejado ou ainda algum outro comportamento diferente do nosso padrão, não poderíamos nos surpreender com o que ocorreria?

- Inúmeras vezes constato que sim!

Mas, isso é importante de ser verificado pela própria experiência de cada um.

Outro ponto importante adquirido através do ato de experimentar novas possibilidades de agir... é o de aprimorar os próprios comportamentos.

Quando nunca fizemos algo, não temos noção alguma (ou talvez somente pela observação alheia) de como fazer isso, da medida de energia que deve ser empregada etc. A partir do momento em que nós mesmos fazemos algo, mesmo que erremos (e, muitas vezes isso acontecerá quando fizermos alguma coisa pela primeira vez), passamos então a ter algum parâmetro para numa próxima vez o utilizarmos como base para a construção do comportamento que será adotado.

Um exemplo bastante prático e fácil de visualizar é: se você nunca arremessou uma bola de basquete na cesta, muito provavelmente terá dificuldades. Você até pode ter uma grande sorte de principiante e acertar logo de cara o primeiro arremesso mas, com muita probabilidade não acertará no segundo, simplesmente por ter sido sorte e não um comportamento programado com base em um aprendizado que você teve.

Por outro lado, se começa a arremessar com consciência da distância que está, da força que está empregando, do ângulo que está lançando... vai aos poucos se autorregulando e, após algumas tentativas e treino, sua mira estará muito melhor por conta de você ter aprendido com sua experimentação. Assim é com a vida e com os comportamentos que podemos adotar diante das situações que nos aparecerem.

Permita-se vivenciar o diferente, isso te tira da zona de conforto, o que traz temores, mas, além de lhe trazer novas possibilidades e resultados, isso também permite viver mais o mundo da realidade e não só o que você cria em sua mente. Teste isso!

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terça-feira, 18 de março de 2014

A atitude de alguém mexeu com você? Saiba como superar

"O outro pode ser um espelho de nosso desconforto emocional"


Quantas vezes nos chateamos com as atitudes das outras pessoas?

Quantas vezes nos sentimos agredidos ou não levados em conta em função da forma de agir dos outros?
Você já se percebeu assim alguma vez em sua vida?

Se sim, te convido a uma reflexão sobre esse assunto.



Muitos de nós, em inúmeros momentos, ficamos chateados por conta de comportamentos que alguém teve conosco. Pode ser um familiar, um amigo, um vizinho ou até um total desconhecido. Fato é que, sob nossa percepção, aquele modo da pessoa conduzir a situação nós é bastante desconfortável, a ponto de ficamos mexidos emocionalmente.

Não temos controle sobre o comportamento dos outros. O que podemos fazer como um experimento, é sermos assertivos dizendo à pessoa que nos feriu o que aquela ação provoca em nós e, consequentemente, como nos sentimos.

Ser assertivo é muito mais eficaz do que ser passivo ou agressivo (veja aqui). No entanto, apesar de aumentar as chances, ainda assim não podemos determinar uma mudança na atitude da outra pessoa. Por isso, não deve-se basear sua assertividade no resultado que ela terá sobre o outro, mas sim, sobre como isso é uma boa maneira de você se expressar e não reter suas emoções (as quais podem ser somatizadas e causar inúmeros problemas de saúde).

O outro pode ser um espelho de nosso desconforto emocional

Fora a assertividade, há um outro ponto que gostaria de focar quando nos sentimos desconfortáveis frente aos comportamentos de outras pessoas. Podemos utilizar os outros como espelhos para nós, questionando tanto se temos atitudes parecidas ou ainda se fizemos algo que pudesse influenciar na ação desses.

É fácil apontar o dedo, criticar e/ou se desapontar quando alguém nos faz algo. Mas é difícil perguntarmos se em algum momento fizemos algo parecido com isso que nos incomoda.
Justamente esse comportamento percebido no outro, que nos causa tanto desconforto, não é por dizer algo a nosso respeito, ou será que nós mesmos não fazemos algo semelhante em outro contexto ou com outra pessoa?

Com essa reflexão podemos transformar um mal-estar em um aprendizado para nós, saindo da posição de vítima e passando para um papel ativo de agente de mudança.

Quantas vezes será que também magoamos, maltratamos, desrespeitamos outras pessoas? E... quantas vezes fazemos isso sem nem termos consciência do que estamos fazendo. Se nos sentimos destratados por que o outro também não se sentiria assim?

Se quisermos ser respeitados devemos respeitar os outros. Se quisermos que sejam gentis conosco, também devemos ser gentis. Se não queremos que levantem a voz conosco, falemos em voz baixa. Como o próprio ditado popular demonstra: devemos dar o exemplo e não somente falar ou criticar. Por isso mais do que você fala, perceba o que você faz.

Assumamos uma postura mais ética, cuidadosa, polida e amorosa e percebamos o resultado que ela tem no ambiente à nossa volta. Finalizo essa reflexão com uma belíssima frase de Gandhi, que justamente demonstra a ideia central desse texto: "Sejamos a mudança que queremos ver no mundo."


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